O Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu nesta segunda-feira (24/4) transformar em réus 100 denunciados por participação na tentativa de golpe de 8 de janeiro. Últimos a votar, os ministros André Mendonça e Kássio Nunes Marques, os dois indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, aceitaram a denúncia apenas contra os 50 presos na Praça dos Três Poderes no dia dos ataques, rejeitando-a no caso dos 50 detidos no dia 9 diante do QG do Exército em Brasília.
Todos os outros oito ministros aceitaram a denúncia completa. Os 100 vão responder por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, mas não há data prevista para a conclusão do julgamento. Também ontem o relator Alexandre de Moraes votou para tornar réus outros 200 denunciados pela tentativa de golpe.
A votação termina na noite do dia 2.
CPMI no Congresso
O requerimento de instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a tentativa de golpe deve ser lido amanhã pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Serão 15 senadores e 15 deputados, com prazo de seis meses para concluírem as investigações. Antes entusiasta da comissão, parte da oposição estaria mudando de ideia, ante a perspectiva de maioria do governo no colegiado.
A Polícia Federal também investiga um novo documento que ligaria o ex-ministro da Justiça Anderson Torres à tentativa de impedir o acesso de eleitores de Lula aos locais de votação no segundo turno. Em depoimento, a ex-diretora de Inteligência do ministério Marília de Alencar disse que elaborou, a mando de Torres, um mapeamento das áreas onde o petista foi mais votado no primeiro turno e qual o efetivo da PRF e da PF que poderia ser mobilizado.
Torres, que está preso desde janeiro, teve ontem adiado um depoimento à PF sobre os bloqueios de ônibus após um laudo médico apontar perda de peso e deterioração do estado psicológico.
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