No quinto dia de conflito, um bombardeio israelense matou o major-general Ali Shadmani, comandante das Forças Armadas iranianas, que estava havia apenas quatro dias no cargo. Ele substituía Gholam Ali Rashid, morto no primeiro ataque israelense.
Segundo o governo de Israel, o Irã disparou pelo menos 30 mísseis contra o país na manhã desta terça-feira (17/6), com explosões ouvidas em Tel Aviv e Jerusalém, deixando cinco pessoas com ferimentos leves.
Sem poder de reação contra os caças israelenses, que sobrevoam livremente o país, Teerã tenta contabilizar os estragos contra sua infraestrutura, o número de vítimas em áreas civis e, principalmente, o impacto político que isso pode ter sobre sua população. Ainda não há sinais de revolta popular contra o regime dos aiatolás.
Mas cenas de caos tomam as principais cidades do país, em especial Teerã, de onde centenas de milhares de pessoas tentam fugir nos últimos dias. A grande dúvida que paira no país é até quando o regime conseguirá manter o controle sobre seus dissidentes.
Trump
Em uma guinada de 180 graus, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou na noite de ontem uma declaração conjunta dos países do G7 reafirmando o direito de defesa de Israel e classificando o Irã como “principal fonte de instabilidade e terror” no Oriente Médio.
Os dois países estão em conflito aberto desde a última quinta-feira, quando Israel bombardeou alvos militares e nucleares iranianos. Mais cedo, Trump havia rejeitado o documento.
Em seguida, o americano deixou antecipadamente a cúpula no Canadá, onde permaneceria até hoje para tratar da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ele negou, porém, que tenha voltado para casa mais cedo para negociar um cessar-fogo entre Teerã e Tel Aviv.
Antes de deixar a cúpula, Trump usou sua rede social própria, o Truth Social, para recomendar que os iranianos abandonassem sua capital. “O Irã não pode ter uma bomba nuclear, eu já disse repetidas vezes. Todos devem evacuar Teerã imediatamente”, escreveu ele.
Bomba nuclear
Em meio à escalada de ataques israelenses contra sua infraestrutura civil e militar, o Irã anunciou que pode estar próximo de deixar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual é signatário desde 1970.
Em comunicado enviado pelo Ministério das Relações Exteriores, o país afirmou que prepara uma lei a ser enviada ao Congresso para sair do acordo criado em 1968. Ao todo, 189 países ratificaram o tratado, e, ao longo de mais de 50 anos, apenas a Coreia do Norte o abandonou.
Israel, Índia e Paquistão nunca o assinaram e possuem hoje bombas atômicas, embora o governo israelense não o admita oficialmente.
Mesmo sem ter seus principais centros de enriquecimento de urânio comprometidos, o país dos aiatolás deu indícios de que estaria disposto a voltar para a mesa de negociação para encerrar ou, ao menos, reduzir a intensidade do conflito.
De acordo com uma reportagem exclusiva do Wall Street Journal, o Irã teria buscado canais indiretos para informar a Israel e aos Estados Unidos que não tem interesse em manter as hostilidades. Países do Golfo, como o Catar, estariam atuando como interlocutores entre a nação persa e os Estados Unidos.