O Palácio das Esmeraldas tem dado sinais de que pretende se aproximar mais do empresariado goiano, após uma primeira metade da gestão marcada por turbulências e um relativo distanciamento político. O governador Ronaldo Caiado (DEM) recebeu mais de uma centena de grandes empresários para um almoço de confraternização na segunda-feira (20), onde foi colocada a disposição do governo de estudar a concessão de incentivos fiscais para a instalação de Centros de Distribuição de Mercadorias no Estado. A ideia é atrair grandes varejistas do e-commerce, como Amazon e Magazine Luiza. É uma pauta defendida pelas entidades do setor produtivo.
A reunião foi articulada pelo novo secretário de Indústria e Comércio (SIC), Joel Braga, e contou com a presença do seu irmão, o ex-ministro Alexandre Baldy (PP), que também é empresário, já ocupou a SIC no governo Marconi Perillo (PSDB) e tem bom trânsito entre as lideranças do setor produtivo. Como gesto mais concreto, o governador anunciou no evento que vai vetar a extinção do conselho do programa ProGoiás, que havia sido proposta pela Secretaria de Economia e aprovada pela Assembleia Legislativa. A intenção é sinalizar maior participação dos empresários nas discussões pertinentes ao setor.
No início do mandato, Caiado se indispôs com o setor produtivo ao propor a revisão de programas de incentivo fiscal e a aumentar a fatia que as empresas beneficiadas com incentivos devem destinar ao fundo Protege, que banca boa parte dos programas sociais do governo. Também deu apoio político à CPI dos Incentivos Fiscais instalada na Assembleia Legislativa. Este ambiente afastou uma parcela grande das principais lideranças empresariais do governo e hoje um dos maiores críticos à gestão estadual é o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel.
No geral, as entidades empresariais sempre cobraram mais diálogo com o governo. O Palácio das Esmeraldas, por sua vez, identificou em uma parcela desses grandes empresários uma relação próxima demais com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), ao ponto que alguns chegaram a se filiar ao PSDB durante a gestão tucana. O entendimento interno era de que as entidades estavam aparelhadas politicamente e o diálogo acabava contaminado por esse ambiente. Hoje percebe-se uma disposição de ambas as partes de superar essas arestas e estabelecer uma relação mais harmoniosa.