A dita “terceira via” foi abalada ontem (30/3) por dois movimentos inesperados e que, segundo analistas, podem fortalecer a polarização entre os líderes nas pesquisas, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL): o vaivém do governador paulista João Doria (PSDB) e a desistência do ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil).
O dia começou com a notícia de que Doria, diante do movimento no partido em torno do agora ex-governador gaúcho Eduardo Leite, abriria mão de concorrer a presidência e continuaria no governo paulista.
Os tucanos fizeram então uma reunião onde Doria anunciou seus termos: queria um apoio explícito da legenda, diante da ameaça de Leite, que renunciou ao governo gaúcho.
Bruno Araújo, presidente do partido, divulgou uma carta dizendo que as prévias seriam respeitadas. “O governador tem a legenda para disputar a presidência. E não há nem haverá qualquer contestação à legitimidade da sua candidatura pelo partido”.
Com o documento, Doria desistiu da desistência e reconheceu que seu movimento foi um “vaivém planejado”. À tarde, renunciou ao governo num evento em tom de comício e confirmou sua candidatura.
Sergio Moro
Em terceiro lugar em todas as pesquisas, mas com alta rejeição, o ex-ministro Sérgio Moro anunciou ontem que estava trocando o Podemos pelo União Brasil e que abria mão da candidatura a presidente. Em nota, o novo partido disse que Moro deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo “com a expectativa de ser um dos deputados mais votados da história do país”.
O governador Ronaldo Caiado assinou nota, em processo liderado pelo secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, contra qualquer possiblidade do ex-juiz Sergio Moro tentar se viabilizar como pré-candidato à Presidência da República pela legenda. A carta foi preparada minutos antes de Moro anunciar publicamente a desistência da disputa pelo Planalto. “Neste momento, não há hipótese de concordarmos com sua pré-candidatura presidencial pelo partido”, diz o texto, assinado por outros seis dirigentes do partido que eram do DEM.
Moro disse que desistiu da disputa ao Palácio do Planalto para “facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única”. O União Brasil trabalha para ter uma chapa com o MDB e o PSDB.
Moro bem que tentou uma manobra para ficar no Podemos: convencer Álvaro Dias, mentor de sua entrada no partido, a ceder-lhe a única vaga na disputa para o Senado pelo Paraná. Diante da negativa, pediu o boné.
Auxiliares diretos do presidente Jair Bolsonaro (PL) comemoraram a desistência de Moro. Um ministro palaciano acredita que a saída do ex-ministro cria condições para Bolsonaro ultrapassar o ex-presidente Lula (PT) ainda no primeiro turno. Segundo avalia esse auxiliar do presidente, caso Moro opte por concorrer à Câmara, seria natural que esses votos migrassem para Bolsonaro.