A retomada dos trabalhos na Câmara dos Deputados e no Senado nesta terça-feira (1/8) começou quente. Principalmente por conta das CPIs do 8 de Janeiro e a do MST. No Senado, o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, afirmou ontem à CPMI do 8 de Janeiro que alertou pessoalmente o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, sobre o agravamento dos riscos de invasão às sedes dos Três Poderes.
“Comecei a falar por volta das 8h no dia 8 de janeiro com o general GDias e a encaminhar informações que recebia, inclusive ressaltando a informação dos 105 ônibus”, afirmou. Ele disse aos parlamentares que, entre 2 de janeiro e o fim do dia 8, a Abin produziu 33 alertas, mas, exceto por GDias, não pode afirmar se outras autoridades do governo federal receberam.
O relato — que inclui a afirmação de que havia “intenção de ruptura constitucional” – foi usado por bolsonaristas para alegar omissão do governo. Já a base buscou mostrar que autoridades do Distrito Federal também foram alertadas, mas não evitaram a invasão.
Presidente da CPMI, o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA) estabeleceu prazo de 48 horas para que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, dê acesso às imagens internas do dia da invasão. Se o pedido não for atendido, o caso será levado o Supremo Tribunal Federal.
CPI do MST
Já na CPI do MST não faltaram tumulto e bate-boca. Foi isso que o relator da CPI do MST, Ricardo Salles (PL-SP), provocou na primeira sessão pós-recesso ao fugir dos temas e passar quase dez minutos perguntando a opinião do general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo Lula, sobre o golpe militar de 1964, chamado pelo parlamentar de revolução.
“Entrar nessa situação, se foi positivo ou negativo o movimento de 64, é polêmico. Não quero entrar nesta seara”, respondeu o ex-ministro. Salles afirmou que o objetivo era situar “ideologicamente” a testemunha.
A convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, para prestar depoimento na CPI é uma derrota para o governo. A decisão, aprovada ontem, atende a um requerimento extrapauta de Salles, que alegou que o governo Lula “parece ser conivente” com invasões de terras produtivas coordenadas pelo MST.
Nos últimos dias, o MST voltou a ocupar terras, inclusive uma área da Embrapa em Petrolina (PE). Salles também argumentou que Costa era governador da Bahia durante invasões no estado.
Leia também: 8 de janeiro: militares x PF