A possível aliança entre o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin com o ex-presidente Lula para 2022 pode arrepiar tucanos mais ortodoxos, mas já foi defendida por lideranças do partido em Goiás. E também provocou reações. Alckmin deixou o PSDB ontem e deve se filiar a algum partido alinhado com Lula (provavelmente o PSB) para ser o vice do petista nas eleições do próximo ano. Os tucanos devem ter o governador de São Paulo, João Doria, como candidato a presidente.
Em maio deste ano, o ex-governador José Eliton, que é presidente do diretório estadual do PSDB (está atualmente licenciado), provocou polêmica ao afirmar em entrevista que o partido deveria considerar a possibilidade de se aliar ao PT para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro e, em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (DEM). A tese de Eliton era simples: Bolsonaro representa uma ameaça à democracia e é necessário o campo democrático se unir para assegurar a estabilidade política do País. E o combate a Caiado, então aliado do presidente, demandaria uma grande união das oposições em Goiás.
Eliton foi censurado por colegas de partido na época, incluindo o ex-governador Marconi Perillo, que disse que PT e PSDB eram como água e óleo, e se calou. Marconi já teve grande proximidade com Lula, mas os dois romperam na época do episódio do mensalão, em 2004, quando o tucano acusou o então presidente de ter conhecimento do esquema. Desde então a relação dos dois desandou (apesar de alguns momentos de relativa tranquilidade e tentativas de reaproximação). Marconi mantinha boa relação com o PT em Goiás e chegou a apoiar a reeleição de Pedro Wilson a prefeito de Goiânia no 2º turno de 2004.
Ontem, após o anúncio de que Alckmin estava se desfilando do PSDB, Eliton lamentou nas redes sociais a saída do ex-correligionário e lhe desejou sorte. “Que seu novo ciclo, seja ele qual for, contribua com a construção de um país democrático, reconciliado, com temperança, competência e ética.” Antes ele havia feito um outro post, dizendo que a saída de Alckmin representava um momento do PSDB reavaliar alguns posicionamentos, mas preferiu apagar.