O prefeito e pré-candidato a governador Gustavo Mendanha (sem partido), de Aparecida de Goiânia, tem diálogo avançado com PL e PP para filiação em março. Como ambos os partidos apoiarão a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), aliados de Gustavo não descartam a possibilidade de estarem todos no mesmo palanque em Goiás. O prefeito prefere ficar neutro na campanha presidencial, para navegar bem tanto no eleitorado conservador (bolsonarista) como no da esquerda, especialmente os que apoiam uma pré-candidatura de Lula (PT).
A decisão será pragmática. O eleitorado bolsonarista está na bronca com o governador Ronaldo Caiado (DEM), especialmente por conta do democrata não apoiar a sua reeleição e preferir ficar neutro ou apoiar um nome da terceira via (o mais cotado é o do ex-juiz Sergio Moro). Assim, não seria difícil Gustavo cativar a maior parte dos votos destes eleitores, desde que apoie Bolsonaro, claro. Do contrário, o presidente deverá ter um candidato próprio no Estado e nome mais cotado é o do deputado federal Vitor Hugo.
Sobre os eleitores do ex-presidente Lula, a leitura do núcleo político de Gustavo é que estes votos dificilmente vão migrar para Caiado, que nunca escondeu as suas diferenças com a esquerda e, especialmente, com o PT. O problema, para Gustavo, caso apoie Bolsonaro, é que também a maior parte dos votos lulistas pode não migrar para ele.
No primeiro turno da eleição de 2018, Jair Bolsonaro teve 65,5% dos votos válidos em Goiás; o petista Fernando Haddad, 34,5%. O ex-presidente Lula só ganhou um primeiro turno em Goiás, em 2002, quando teve 42,1% dos votos, contra 27,9% de José Serra (PSDB). Na eleição de 2006, Lula teve 40,1% dos votos goianos, contra 51,5% de Geraldo Alckmin (PSDB). A ex-presidente Dilma Rousseff perdeu nos primeiros turnos de 2010 e 2014 em Goiás.
Outro fato a ser pesado por Gustavo Mendanha, este até mais relevante, é construir uma aliança que lhe dê musculatura para a disputar contra Caiado. Caso decida fechar com Bolsonaro, terá maior chance de atrair partidos para a sua campanha em Goiás como PL, PP, Republicanos e PTB. Claro, fecharia as portas para outros, como o PSB.
Tudo ficará mais claro a partir da decisão de Gustavo Mendanha para qual partido vai filiar. O pré-candidato tentará por tudo ficar neutro na campanha em Goiás para presidente da República. Tem afirmado que os eleitores goianos querem debater com os candidatos a governador projetos para solucionar os problemas do Estado. A sua meta é fechar ampla aliança da oposição contra o governador. Se não for possível no primeiro turno, que o diálogo esteja avançado para um segundo turno. Se houver, evidentemente.