O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (31/1) que não descarta apoiar uma candidatura do vice-governador Daniel Vilela (MDB) ao governo de Goiás no próximo ano. Mas com uma condição: que seu partido tenha pelo menos uma das duas vagas na chapa majoritária para a eleição ao Senado.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes de Goiânia, Bolsonaro afirmou que, caso o governador Ronaldo Caiado (UB) apoie a composição, o PL poderia apoiar Vilela ao governo e indicar um nome ao Senado. “Não pode é com o PT. O resto, fica à vontade. Se tiver interesse do (Ronaldo) Caiado, do Wilder (Moraes), da minha parte, sem problema nenhum”, disse.
Uma vaga ao Senado na chapa de Daniel já tem dona: a primeira-dama Gracinha Caiado (União Brasil). Portanto, resta apenas outra vaga. O PL tem dois pré-candidatos a senador para 2026: o deputado federal Gustavo Gayer e o vereador de Goiânia, Vitor Hugo. Um teria de abrir mão e se candidatar à Câmara dos Deputados. E ambos são muito próximos de Bolsonaro.
Entretanto, Vitor Hugo é quem está mais próximo de Daniel Vilela. Inclusive, em novembro passado, levou o vice-governador para uma conversa reservada com Bolsonaro. O que deixou a outra ala do PL em Goiás irritada: exatamente a comandada pelo senador Wilder Moraes, presidente do partido, e Gustavo Gayer.
Fator Wilder
E é exatamente aqui que surge o segundo problema para a aliança entre PL e MDB em Goiás para 2026: Wilder Moraes teria de abrir mão também de sua pré-candidatura a governador.
Só que Bolsonaro tem deixado claro duas coisas para 2026. Primeiro, sua prioridade maior é eleger senadores e deputados federais, para manter o poder e a influência do PL no Congresso Nacional e demais poderes em Brasília (leia-se também STF).
O ex-presidente disse que o PL tem como meta, aliás, muito ambiciosa, de conquistar 44 das 54 cadeiras do Senado na eleição de 2026. Ou seja: candidaturas a governador não entusiasmam Bolsonaro.
Segundo ponto: o ex-presidente tem afirmado e reafirmado que ele é quem vai dar a palavra final nas alianças e formação de chapas nos estados.
Tabuleiro político
São novas notícias negativas para o projeto eleitoral de Wilder Moraes, que saiu fragilizado das eleições municipais do ano passado. Principalmente, pelo fato dos candidatos a prefeito do PL terem perdido em Goiânia e Aparecida de Goiânia, mesmo tendo Jair Bolsonaro atuado diretamente nas duas campanhas.
Ter o apoio de Bolsonaro e descartar um oponente do PL em 2026 serão dois grandes passos para Daniel Vilela consolidar ainda mais a sua pré-candidatura ao governo de Goiás. E, de quebra, reaproxima o ex-presidente e o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), pré-candidato para a eleição presidencial do ano que vem.
Entretanto, para isso, Daniel Vilela também terá de articular espaços para outros partidos (e nomes) importantes da base governista em Goiás. Como, por exemplo, o PSD do senador Vanderlan Cardoso, que é pré-candidato a reeleição em 2026 e tem buscado se reaproximar do vice-governador e de Ronaldo Caiado.
Como próprio Daniel sabe, há muito para acontecer até julho de 2026, quando as alianças e formação de chapas realmente serão definidas. De qualquer forma, é o pré-candidato a governador que mais tem avançado no tabuleiro político em Goiás.