Existe a real possibilidade do PSDB e PSD se tornaram um único partido. Seja por fusão, como os tucanos afirmam, seja pela incorporação de um pelo outro, como preferem definir os pessedistas. As negociações, tocadas pelas cúpulas nacionais das duas legendas, devem ter um desfecho em março ou abril deste ano. Quais reflexos disto para a política em Goiás?
A fusão (ou incorporação) interessa aos dois partidos. Considerados de centro-direita, a união pode gerar um bloco político mais forte, capaz de disputar de forma mais competitiva as próximas eleições. Ao unirem forças, podem aumentar sua representatividade no Congresso Nacional e nos legislativos estaduais.
Embora seja de interesse do PSD, esta fusão é crucial para os tucanos. O PSDB tem sofrido forte desidratação nacional nas últimas eleições. Em Goiás, desde a derrocada do partido nas eleições de 2018, viu surgir uma nova força política comandada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil). E, desde 2022, o crescimento do vice-governador Daniel Vilela (MDB), que disputará o governo estadual em 2026.
Lideranças
O PSDB e o PSD têm duas lideranças fortes em Goiás. Os tucanos, o ex-governador Marconi Perillo, atualmente o presidente nacional da legenda. O segundo, o senador Vanderlan Cardoso, que preside o partido no estado. Os dois sofreram derrotas nas últimas eleições.
Marconi não conseguiu se eleger senador em 2018 e 2022. Vanderlan perdeu, pela segunda vez consecutiva, a eleição para Prefeitura de Goiânia. Em 2024, teve apenas 45,1 mil votos, 6,5% do total dos válidos, ficando em 5º lugar. Um sinal de alerta.
Portanto, o que une mais o PSDB e o PSD em Goiás é a necessidade de sobrevivência política.
Marconi Perillo tem demonstrado claramente interesse numa nova pré-candidatura a governador. Claro, em oposição a Ronaldo Caiado. Vanderlan Cardoso precisa de uma chapa competitiva para disputar a reeleição ao Senado.
Comando
Então, juntou a fome com a vontade de comer? Nem tanto. Uma dúvida, importante, caso a fusão se concretize, é saber quem comandará o novo partido no estado para as eleições de 2026, liderando negociações para alianças e formação de chapas. Por conta de seus projetos eleitorais, Marconi e Vanderlan têm interesse na presidência estadual.
O ex-governador avalia que, caso PSDB e PSD se tornem único, teria a prerrogativa de comandar o partido em Goiás, por atualmente ser presidente nacional dos tucanos. A direção nacional da nova legenda certamente ficará sob o comando de Gilberto Kassab.
Já Vanderlan aposta que, por ser do PSD e ter mandato no Senado, teria a preferência. O que explica também o motivo do senador afirmar que não se trata de fusão, mas de incorporação do PSDB pelo PSD, colocando os tucanos numa posição mais fragilizada.
Fator Caiado
A fusão (ou incorporação) do PSDB e PSD, se acontecer de fato, será por decisão das cúpulas nacionais. A união pode se tornar uma alternativa forte para 2026, tanto para a eleição presidencial, como para as eleições estaduais. Inclusive em Goiás. Resta saber se as diferenças entre os projetos eleitorais regionais não se tornarão um forte empecilho.
Além disto, o governador Ronaldo Caiado não deve assistir passivelmente o desdobramento desta possível fusão. Já teria iniciado um diálogo com Vanderlan, segundo o próprio senador. Convém lembrar que boa parte do PSD está na base caiadista, inclusive, no governo estadual. Mas uma ala do partido também mantém diálogo com Marconi Perillo. Mas Vanderlan, como já demonstrou, é pragmático.