Desde a virada do ano, um dos assuntos mais comentados nos bastidores políticos é sobre uma pré-candidatura do cantor goiano Gusttavo Lima para presidente da República em 2026. Há uma expectativa de reunião nesta sexta-feira (10/1) ou no sábado (11/1) entre o sertanejo, o governador Ronaldo Caiado e o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda.
Já seria para definir uma filiação de Gusttavo ao partido. Esta agenda depende de confirmação do próprio cantor, que até hoje de manhã (9/1) estava em Miami (EUA).
Em setembro passado, o que mais se comentou foi sobre a possível candidatura do sertanejo ao Senado, após comemorar o seu aniversário num iate na Grécia, tendo como convidados o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e a primeira-dama Gracinha Caiado (União Brasil).
Como se sabe, Caiado é pré-candidato declarado a presidente. E Gracinha também é pré-candidata ao Senado. Já Gusttavo Lima, naquela época, descartou entrar na política. O cantor, embora seja uma personalidade de grande visibilidade, não tem nenhuma trajetória política. O que gera muitos questionamentos sobre a viabilidade de sua pré-candidatura. Ainda mais para presidente.
Popularidade
No entanto, a sua popularidade faz de Gusttavo Lima uma figura que pode mobilizar a base conservadora e setores das camadas mais populares. Especialmente aqueles que se sentem distantes dos políticos tradicionais. E o apoio de Caiado representa um fortalecimento considerável.
Mas, o governador pode retirar a sua pré-candidatura para presidente? Muito difícil. O fato é que, ao apoiar um “projeto eleitoral” do cantor goiano, o governador demonstra que busca alianças com novas figuras (os outsiders), com o objetivo de renovar a base política e ampliar a sua influência no cenário nacional.
Todas as pesquisas eleitorais divulgadas sobre o cenário eleitoral para 2026 colocam o governador goiano em desvantagem em relação aos principais potenciais concorrentes. Como o presidente Lula (PT) e o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), entre outros.
Principal motivo: Caiado é desconhecido por boa parte do eleitorado brasileiro. Tanto, que deve iniciar até abril uma intensa agenda nacional de pré-campanha, logo após oficializar a sua pré-candidatura presidencial, em março.
Então, surge Gusttavo Lima. Além de significar um movimento estratégico para atrair eleitores da direita e do centro-direita, a sua imagem de “homem do campo” e representante da música sertaneja tem o poder de se conectar com as camadas mais conservadoras da sociedade.
Dificuldades
Gusttavo tem forte presença nas redes sociais, o que lhe proporciona uma vantagem significativa na comunicação com os eleitores. Especialmente os mais jovens. Entretanto, não basta ser famoso para viabilizar uma pré-candidatura à presidência da República. Muitos já tentaram. A maioria sequer conseguiu se tornar candidato. Os poucos que conseguiram, perderam nas urnas para candidatos “mais experientes”.
Portanto, a falta de experiência política é o maior obstáculo de Gusttavo, especialmente diante de adversários com maior formação e tradição política. Exemplo recente é do goiano Pablo Marçal, que esteve no topo das pesquisas em boa parte da última campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo. Mas sequer foi para o segundo turno.
Aliás, Gusttavo Lima já deu várias declarações polêmicas. Disse em entrevista nesta semana que pretende se reunir com o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para “entender os problemas do governo federal”. Afirmou ainda que é preciso fazer que a classe média brasileira consiga realizar o sonho de conhecer a Disney.
Em um show, o cantor disse o que seria a sua primeira proposta de governo: criar o Bolsa Cachaça. Segundo ele, o benefício seria de R$ 100 por mês. Pode ser apenas brincadeira, mas é algo que políticos mais experientes evitariam.
Em outra entrevista, o cantor goiano enfatizou que pode desistir de sua intenção política e apoiar outro nome “se aparecer um candidato em que ele acredite que reúna a capacidade de ajudar o país”.
Dando corda
A pré-candidatura do cantor sertanejo, então, é vista com ceticismo por quem acredita que a política exige mais do que apenas popularidade. A necessidade de propostas sólidas, alianças políticas e um planejamento viável é crucial para que qualquer candidato seja e se mantenha competitivo em uma eleição presidencial.
Experiente e estrategista, Caiado sabe disso. Mas, ao dar corda para Gusttavo Lima, garante uma aliança com potencial de unir uma figura de massa com uma estratégia política bem estruturada. Claro, ainda é cedo para prever se essa combinação será suficiente para conquistar a confiança de um eleitorado mais amplo.