O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta-feira (16), durante sua live semanal, que ainda vai “esperar um pouco” para assinar a adesão de Goiás ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), apesar do sinal verde de sua equipe econômica e da determinação do Supremo Tribunal Federal. Ao lado do deputado federal Vitor Hugo (PSL), pré-candidato a governador de Goiás, o presidente disse que antes quer tomar conhecimento do processo e das condições, que são discutidos desde 2019. O governo estadual previa a assinatura ainda este ano ou, no máximo, até janeiro de 2022.
Bolsonaro aproveitou para criticar o governador Ronaldo Caiado (DEM), com quem acumula divergências desde o início da pandemia, afirmando que a deterioração fiscal de Goiás é fruto das medidas de isolamento defendidas por Caiado no combate à Covid-19. Mas o pedido de adesão ao RRF é anterior à pandemia e consequência, segundo a atual gestão, de um acúmulo de dívidas contraídas nas gestões anteriores.
“Estamos sofrendo as consequências na economia e lá atrás vocês lembram quando muitos governadores, prefeitos e o povo também falavam ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’. Bem, está chegando aí a questão da economia”, afirmou Bolsonaro. Mas tem estados, como Goiás, que está numa situação complicada financeira. Fique em casa e a economia a gente vê depois e daí o estado pede uma recuperação fiscal, que passa por uma assinatura minha”, disse o presidente.
Vitor Hugo falou em falta de transparência da gestão estadual. “A gente não tem transparência ainda, presidente, de quais são as contrapartidas que o governador propôs para que Goiás faça para poder aderir. A Lei prevê que não vai poder ter aumento para servidor, concurso público e criação de despesa continuada”, afirmou o deputado. As contrapartidas, no entanto, estão previstas na lei estadual que autoriza a adesão ao RRF e no contrato com o Tesouro Nacional.
O presidente e o deputado também fizeram críticas a Caiado quanto à recusa dele de reduzir o ICMS dos combustíveis e insinuou que o governador não dá créditos ao governo federal quando é contemplado com benefícios de Brasília, citando a área doada para a construção do Hospital do Câncer. A live de ontem foi uma tentativa de projetar Vitor Hugo como nome do bolsonarismo para concorrer ao governo do Estado, em oposição a Caiado. O presidente já manifestou clara preferência pelo aliado, mas fez a ressalva de que antes era preciso analisar sua viabilidade eleitoral.
Vitor Hugo quer ser candidato pelo PL e tem gerado um embate interno na sigla em Goiás, cuja direção prefere apoiar Gustavo Mendanha. Seguro da sua relação pessoal com o presidente, o deputado já disse que esta questão vai ser resolvida na esfera nacional, numa conversa entre Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, comandante nacional do partido.
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