O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tentou impedir que o novo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, se manifestasse publicamente. Galípolo defende que já tenha passado da hora de os juros, hoje em 13,75% ao ano, caírem. Campos Neto se incomoda com a opinião distinta.
Segundo a Folha de S.Paulo, um documento interno do BC sugere que “assuntos afetos à comunicação com os órgãos de imprensa fiquem subordinados diretamente ao presidente” e sua assessoria de imprensa.
A “lei da mordaça”, no entanto, está sendo questionada — diretores do BC têm mandato, independência e autonomia garantidos por lei, o que lhes dá liberdade para falar com jornalistas. A iniciativa é vista internamente e no governo como tentativa de censura ao novo diretor e foi apelidada de “voto Galípolo”.
A interlocutores, Galípolo tem dito que não há razão para que diretores do banco tenham de se submeter à assessoria de comunicação do órgão, ligada à presidência. A referência que ele tem citado é o BC americano, o Fed, que é composto por vários presidentes regionais, e todos têm autonomia para se expressar, independentemente do que pensa Jerome Powell, que comanda a instituição.
Em nota, o BC afirmou que “não existe e jamais existirá censura ou cerceamento de qualquer espécie à livre manifestação dos dirigentes”.
Saiba mais: Inflação negativa aumenta pressão sobre juros do BC