A queda livre na popularidade do presidente Lula (PT), confirmada em novas pesquisas Datafolha e Ipec, trouxe um cenário adverso para o Palácio do Planalto e aumentou o entusiasmo da oposição.
O Datafolha mostrou que apenas 24% dos eleitores brasileiros aprovam o governo do presidente Lula, uma queda de 11 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior e índice mais baixo desde o início do primeiro mandato do petista, em 2003. Já 41% o reprovam.
Uma pesquisa Ipec divulgada neste sábado (15/2) mostrou que 62% dos entrevistados avaliam que Lula não deve se candidatar à reeleição em 2026. Em setembro, 58% eram contrários à busca do presidente pelo quarto mandato. Os principais argumentos foram que Lula já está com idade avançada e não tem feito um bom trabalho.
Impeachment
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados intensificaram a convocação para um ato em 16 de março que deve ter como mote “Fora Lula 2026, anistia já”.
Os aliados bolsonaristas mais próximos descartam pedir impeachment do presidente e apostam em manter Lula no cargo com a expectativa de que ele definhe politicamente e chegue fraco à eleição do ano que vem.
O raciocínio é que um eventual impeachment, ainda que hoje seja algo improvável, poderia dar chances ao atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), de reorganizar a base aliada com apoio do centrão.
A estratégia de Bolsonaro se choca com a defesa explícita do afastamento de Lula feita por deputados da direita como Nikolas Ferreira (PL-MG). O ex-presidente quer concentrar a mensagem das manifestações, que ocorrerão em várias cidades, na defesa da anistia para os presos do 8 de Janeiro.
Bolsonaro tende a esnobar o ato da avenida Paulista e deve comparecer a outro na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, organizado pelo pastor Silas Malafaia.
Tentativa de reação
O governo aposta em uma série de medidas que atendam os mais pobres e a classe média para elevar sua popularidade. Entre elas, uma das apostas de Lula é aprovar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Lula e sua equipe planejam fortalecer a base e melhorar a comunicação com a população. Embora os índices de desaprovação de Lula tenham aumentado, pesquisas indicam que o presidente ainda lidera simulações de primeiro e segundo turno.
Enquanto isso, o Palácio do Planalto aposta na recuperação econômica para reverter o desgaste e consolidar apoios.
No campo da oposição, a indefinição sobre um nome forte para 2026 continua. Ministros do governo avaliam que um dos maiores desafios para Lula seria enfrentar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerado um adversário competitivo.
No entanto, a candidatura do governador dependeria do aval de Bolsonaro, que segue insistindo em manter seu nome no jogo, apesar da inelegibilidade.