Pela primeira vez desde o início das recentes intervenções do Banco Central no câmbio, o dólar fechou nesta quinta-feira (19/12) em queda, de 2,27%, a R$ 6,1237.
Mas, para isso, a autoridade monetária precisou atuar duas vezes, já que a moeda americana tocou os R$ 6,30 mesmo após um primeiro leilão à vista de US$ 3 bilhões no início do dia. Em seguida, a autarquia injetou mais US$ 5 bilhões no mercado cambial.
Foi a maior intervenção diária desde 1999, quando começou o regime de câmbio flutuante. A intervenção total no câmbio, em meio à desconfiança do mercado em relação ao pacote fiscal e à influência de fatores externos e sazonais, soma US$ 20,7 bilhões.
O BC fará nesta sexta-feira (20/12) um novo leilão à vista, de até US$ 3 bilhões, e dois de linha, com garantia de recompra, de até US$ 4 bilhões. Já o Ibovespa encerrou ontem com ganho de 0,34%, aos 121.187,91 pontos.
Comando do BC
Diretor de Política Monetária e futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo negou que um ataque especulativo do mercado financeiro seja a causa da disparada da moeda americana e afirmou que sua percepção sobre o tema tem sido bem aceita pelo presidente Lula e outros membros do governo, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, vamos dizer assim, como se fosse uma coisa só, que está coordenada andando em um único sentido. Basta a gente entender que o mercado funciona, geralmente, com posições contrárias”, disse.
Na quarta-feira, ao ser questionado sobre a disparada do dólar, Haddad não descartou a possibilidade de influência de movimentos especulativos, mas disse acreditar que as intervenções do BC e do Tesouro Nacional deveriam ajudar a acalmar os ânimos.
Quanto à questão fiscal, Galípolo disse que, nas conversas com Lula e Haddad, eles reconhecem que há problemas que precisam ser enfrentados e que o controle das contas públicas é um esforço contínuo. Mas ressaltou que não existe “bala de prata”.