Com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fora do jogo eleitoral até 2030, por causa da decisão do Tribunal Superior Eleitoral de torná-lo inelegível, está aberto na direita brasileira o caminho para seus substitutos em 2026. Prováveis “herdeiros” já têm seus nomes ventilados. Entre eles estão os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Junior (Paraná).
No PL, há uma ala que aposta na ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, apesar de ela ser mais cotada para o Senado. Já a base do agronegócio defende a senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS).
Nada está definido e ainda há muitas variáveis. Como prova de que não há uníssono na direita, ao serem questionados se Tarcísio (Republicanos) será o candidato à Presidência em 2026, alguns afirmam que estão focados em testar a viabilidade de Zema (Novo), destacando que “quem vence no estado ganha a corrida ao Palácio do Planalto”.
O mineiro, porém, não é conhecido nacionalmente e não tem carisma suficiente, além de ser rejeitado por alguns bolsonaristas. Evitar desgastes para Tarcísio e manter seu nome viável tem sido a estratégia central.
Não está morto
A decisão do TSE foi “pedagógica” e “educadora” para que haja um processo democrático que atenda às regras, mas não tira a “extrema-direita do jogo político”, afirmou a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). “O bolsonarismo continua aí e a gente sabe disso. Continua com força, continua atuando. Mas isso também vai dar dimensão a eles até onde eles podem ir.”
Ou seja: assim como Lula saiu da prisão, venceu as eleições e assumiu o terceiro mandato, petistas sabem que não é prudente agir como se Bolsonaro estivesse morto politicamente com a inelegibilidade por oito anos. Um projeto de lei para anistiar o ex-presidente, protocolado pelo deputado bolsonarista Sanderson (PL-RS), conta com 65 assinaturas. Desses parlamentares, 12 são de MDB, PSD e União Brasil, partidos da base do governo e que estão à frente de um total de oito ministérios.
Contudo, a condenação de Bolsonaro indica que ele deve ter dificuldades também na esfera criminal. O ex-presidente é alvo de várias frentes de apuração, as principais relacionadas ao 8 de janeiro e ao inquérito das milícias digitais. Os votos do relator no TSE, Benedito Gonçalves, e o de Alexandre de Moraes, relator das investigações criminais, indicam relação direta entre o discurso contra as urnas pré-eleição e os ataques do período pós-eleitoral.
Saiba mais: Bolsonaro sobre a decisão do TSE: “Não estou morto”