Como que empenhado em provar que é sempre possível escalar mais a crise institucional entre os Poderes constituídos, o presidente Jair Bolsonaro ameaçou na noite desta quarta-feira a adotar um “antídoto” contra o Judiciário que não está “dentro das quatro linhas da Constituição”. A fala, à rádio Jovem Pan, foi uma reação à sua inclusão como investigado no inquérito das fake news, que corre no Supremo Tribunal Federal (STF). “Ainda mais um inquérito que nasce sem qualquer embasamento jurídico, não pode começar por ele (pelo STF). Ele abre, apura e pune? Sem comentário. Está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está, então o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição”, ameaçou o presidente.
Bolsonaro se referia ao fato do inquérito para apurar as fake news ter sido aberto de ofício (por iniciativa própria) pelo Supremo, bem como a inclusão do seu nome, e não a pedido da Procuradoria Geral da República. Bolsonaro se tornou parte do processo a pedido do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, o que foi acatado pelo ministro Alexandre de Moraes. “O meu jogo é dentro das quatro linhas (da Constituição). Se começar a chegar algo fora das quatro linhas, eu sou obrigado a sair das quatro linhas, é coisa que eu não quero”, reforçou o presidente na entrevista. A ameaça vem no mesmo dia em que o novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou em sua posse que é necessário reduzir as tensões entre os Poderes.