O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem que vai vetar o fundo eleitoral aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada dentro da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). “É uma cifra enorme que, no meu entender, está sendo desperdiçada. Posso adiantar que não será sancionada”, disse. O valor aprovado, R$ 5,7 bilhões, é o triplo do R$ 1,7 bilhão gasto na eleição presidencial anterior, em 2018.
A bancada bolsonarista, incluindo os filhos do presidente que têm mandato no Congresso, votou em peso a favor do fundo, o que provocou reações iradas de seus seguidores nas redes sociais. Bolsonaro, aliás, voltou a responsabilizar o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), pela aprovação do fundo. Ramos, que o presidente chamou de “insignificante”, presidiu a sessão que votou a LDO.
Ramos também pediu acesso aos 126 pedidos de impeachment de Bolsonaro que dormem na gaveta de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. “Se em algum momento eu ficar em exercício na presidência, posso fazer o juízo de conveniência política e ler o pedido”, ameaçou.
As razões para Bolsonaro vetar o fundo não são só preocupação com o erário. A maior fatia da bolada, R$ 563 milhões, vai ao PT, que tem a maior bancada no Congresso, e daria ainda mais fôlego à candidatura do ex-presidente Lula. Em seguida, com R$ 558 milhões, vem o PSL, inflado pelo próprio Bolsonaro em 2018, mas do qual saiu brigado. Muitos de seus seguidores, inclusive seu filho Eduardo, permanecem na legenda, mas o presidente não teria esses recursos para tentar a reeleição.
Já a base do governo busca uma saída para Bolsonaro vetar o fundo sem comprar uma briga com o centrão. Uma solução envolve o envio de uma mensagem modificativa ao Parlamento para alterar a Lei Orçamentária Anual e reduzir o valor destinado a campanhas eleitorais para um patamar próximo de R$ 4 bilhões.