O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o processo eleitoral “acabou” e reconheceu a derrota. Mas a fala, relatada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, aconteceu nesta terça-feira (1/11) a portas fechadas numa reunião com integrantes da Corte. Horas antes, em seu primeiro pronunciamento desde as eleições de domingo, Bolsonaro em nenhum momento falou em aceitar o resultado.
Num discurso de menos de dois minutos, Bolsonaro agradeceu aos seus 58 milhões de eleitores sem se referir ao presidente eleito Lula (PT). Também atribuiu os protestos em várias partes do País à “indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, condenando apenas a restrição do direito de ir e vir da população.
Bolsonaro afirmou que continuará cumprindo a Constituição e deixou ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a tarefa e anunciar o início da transição.
STF satisfeito
Entretanto, para o STF, o discurso de Bolsonaro foi suficiente. Antes mesmo da visita do presidente à Corte, os ministros divulgaram uma nota dando a leitura oficial do pronunciamento: “O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições”, disse o comunicado.
Os ministros haviam sido convidados por Bolsonaro para um encontro no Palácio da Alvorada, mas recusaram. Um dos argumentos para a decisão foi que seria inapropriado aceitar o convite antes que o presidente reconhecesse o resultado das eleições e enquanto houvesse bloqueios feitos por seus apoiadores em estradas. No fim, coube a Bolsonaro ir ao Supremo.