Uma importante ala do núcleo político de Ronaldo Caiado (UB) avalia que, apesar das hostilidades enfrentadas ontem (20/4) em Rio Verde, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teria entendido os gestos do governador goiano de sinalizar uma reaproximação política. Inclusive, que pode resultar numa aliança em eventual segundo turno das eleições ao governo estadual e para a presidência da República.
Não deixou de incomodar o núcleo caiadista, claro, a recepção fria que Bolsonaro dispensou ao governador em Rio Verde. Mas, caiadistas avaliaram como positiva a declaração do presidente no seu discurso.
Antes, quando finalmente conseguiu fazer o seu discurso, o governador fez um pedido ao presidente: que lembrasse aos desinformados sobre a eleição presidencial de 1989, quando ele teve a “coragem de enfrentar a esquerda e defender os produtores rurais brasileiros”.
Bolsonaro disse: “Nada se faz sozinho. O Caiado falou aqui sobre o episídio de 1989. Nós não somos como a esquerda, que esconde fatos e fotos. Nós mostramos a realidade. A primeira vez que eu vi o governador Caiado, eu estava na escadaria da Câmara do Rio de Janeiro. Era um jovem vereador no primeiro ano de mandato e vi uma barulheira enorme. Estava num pequeno carro de som o cidadão que estava sendo vaiado. Se eu estivesse no lugar dele também seria vaiado. Estava lá Ronaldo Caiado disputando a presidência da República. Entre nós aqui, sabemos quem é o inimigo na Nação. Não veste verde e amarelo, veste vermelho”.
Segundo turno
Para caiadistas, foi uma clara sinalização de Bolsonaro de que tem interesse no apoio de Caiado. A chance do candidato bolsonarista ao governo do Estado, o deputado federal Vitor Hugo (PL), estar no segundo turno é mínima. E numa eleição presidencial que tende ser fortemente polarizada com Lula, os votos goianos ganham maior importância para o presidente quer quer ser reeleito.
Após o evento em Rio Verde, diante da forte repercussão das vaias contra o governador, apoiadores de Caiado declararam que as hostilidades foram uma ação orquestrada pelo deputado Vitor Hugo. É bem provável. Mas é inegável os desgastes hoje do governador no eleitorado bolsonarista em Goiás. A claque do deputado apenas acendeu a faísca.
Portanto, quebrar esse gelo que existe atualmente entre Caiado e boa parte do eleitorado bolsonarista em Goiás é uma prioridade no Palácio das Esmeraldas. Não será algo tão rápido, como ficou claro ontem no evento em Rio Verde e depois a repercussão nas redes sociais. Mas, caiadistas avaliam que a estratégia estaria no caminho certo e dará resultados a médio prazo.
A conferir.