O governador Ronaldo Caiado (UB) bateu o martelo: é pré-candidato a presidente da República. Sua decisão já foi, inclusive, comunicada à cúpula do União Brasil. “As pessoas sabem que se me for dada essa oportunidade partidária eu não vou deixar de colocar o meu nome neste debate nacional”, disse na semana passada.
Esta decisão também explica parte da postura de Ronaldo Caiado em relação à reforma tributária, em tramitação no Congresso Nacional. Sendo um dos poucos governadores a criticar o atual projeto aprovado na Câmara dos Deputados, ganha holofotes na imprensa e se diferencia de outros colegas. Especialmente daqueles cotados para substituir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como líder da direita em 2026.
Que a reforma tributária será aprovada pelo Congresso não há muitas dúvidas. E, por ora, Ronaldo Caiado tem tido pouco êxito na sua mobilização política. Até mesmo na bancada dos 17 deputados federais goianos, a metade votou à favor do texto. Mas, se o atual projeto for aprovado sem grandes alterações no Senado e ficar comprovado depois que não será tão benéfico ao desenvolvimento econômico do Brasil (e para Goiás, em particular), Caiado terá acertado em cheio. Se o projeto sofrer mudanças, o governador goiano também poderá capitalizar politicamente.
Bolsonarismo
O governador goiano fez um gesto importante na sexta-feira passada (14/7), ao receber Jair Bolsonaro para almoço e jantar no Palácio das Esmeraldas. Convém lembrar que Ronaldo Caiado não se manifestou publicamente à respeito da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente inelegível até 2030. Portanto, fez um forte gesto em busca de alinhamento com os bolsonaristas para 2026.
Um dos trunfos de Ronaldo Caiado para 2026 é a atual aprovação do seu governo, uma das maiores no País, segundo pesquisas de opinião. Entretanto, o eleitorado goiano representa apenas 3% do nacional. Então, a sua ótima aprovação hoje no Estado serve mais como vitrine e para credencia-lo ao debate nacional. “Goiás não precisa ficar acanhado porque tem outros estados maiores. Eu entro na luta de igual para igual”, disse o governador goiano.
Outro importante trunfo é o agronegócio brasileiro, setor em que a liderança nacional e identificação de Caiado é incontestável. Embora essa relação tenha sofrido abalo no final do ano passado com a criação do Fundeinfra, cobrado sobre os produtores em Goiás, em que o governador chegou a ser vaiado em alguns eventos, hoje está mais pacificada. A aposta do governador é que os investimentos de mais de R$ 5 bilhões nas rodovias estaduais lhe cacifará novamente no agro.
Adversários
Os potenciais adversários de Ronaldo Caiado para uma candidatura presidencial pela direita brasileira são os governadores Tarcísio Freitas (Republicanos/SP), Romeu Zema (Novo/MG), Ratinho Júnior (PL/PR) e Eduardo Leite (PSDB/RS). Contudo, Tarcísio tem dito que a sua meta é ser reeleito governador de São Paulo. Tem apenas 46 anos de idade. Pode esperar mais e ganhar maior musculatura para 2030. Ainda mais se o presidente Lula (PT) for mesmo candidato a reeleição em 2026.
O gaúcho Eduardo Leite nunca foi visto como bolsonarista. Neste caso, sobram principalmente o mineiro Zema e paranaense Ratinho Jr. O que aumenta a chance de Ronaldo Caiado encabeçar uma chapa presidencial ou ocupar a vaga de vice, numa ampla composição da direita brasileira. Para isto, o goiano precisa ganhar maior visibilidade nacional para ser visto realmente como um potencial nome ao Palácio do Planalto.