Ronaldo Caiado (União Brasil) foi um dos primeiros governadores da direta brasileira a se manifestar sobre o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Polícia Federal, na semana passada, acusado de ser um dos mentores de um plano de golpe de Estado no Brasil.
“E daí? A vida continua. Agora tem dois anos que é só essa discussão no Brasil. O governo não tem uma proposta. Eu sou governador do estado. Se eu fosse ficar preocupado com as pequenas coisas, eu não governaria”, disse o goiano, neste sábado (23/11), durante o jantar de abertura da 55ª Convenção da Confederação Israelita do Brasil (Conib), em São Paulo.
Em entrevista gravada na semana passada ao programa Canal Livre, da TV Band, o governador chamou a tentativa de golpe de Estado de “insensatez”. Declarou, sem citar os nomes dos indiciados, que o plano investigado em inquérito da Polícia Federal “é inadmissível e inaceitável”.
“O sentimento é de indignação. Até porque não tem espaço mais, dentro do nosso Estado Democrático de Direito, para pensar em golpe. Não existe espaço para isso. É um natimorto diante de uma situação totalmente irresponsável de quem, se realmente for essa a confirmação pela Polícia Federal e o Poder Judiciário, tem se alvorado contra a democracia brasileira”, enfatizou.
Relação
O governador, embora disse “não ter problema nenhum com Bolsonaro”, deixou claro que não pretende buscar uma reconciliação com o ex-presidente depois do embate entre os dois nas eleições municipais de Goiânia e Aparecida de Goiânia.
Caiado considera que a “descortesia” foi iniciada por Bolsonaro que, segundo o goiano, não demonstrou nenhum sinal de arrependimento ou tentativa de reconciliação. “Todos sabem que eu sempre apoiei mesmo ele lançando um candidato contra mim em Goiânia, mas nós fomos vitoriosos”, afirmou à Folha de S.Paulo.
Questionado pelo portal O Antagonista sobre as últimas declarações do governador goiano a seu respeito, Bolsonaro rebateu a acusação de ser um líder que “precisa acordar” sobre a complexidade do cenário eleitoral no Brasil. “O Caiado é uma pessoa que se você o desagrada, ele vira teu inimigo. Em quatro momentos, ele rompeu comigo, enquanto presidente da República. No momento agora, ele tinha um candidato, eu tinha outro”, afirmou.
Caiado reafirmou que será candidato à Presidência da República, em 2026. Disse que a sua pré-candidatura deve ser lançada oficialmente pelo União Brasil depois do Carnaval, em Salvador (BA).