A saúde pública de Goiânia não está na UTI. Está em coma. Assim definiu a vereadora e presidente do PT de Goiânia, Kátia Abreu, sobre o estado da rede municipal depois de inspecionar sete unidades de saúde da capital.
A vereadora apresentou seu relatório na Comissão de Saúde da Câmara de Goiânia, em audiência com presenças de representantes e diretorias do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), do Conselho Municipal de Saúde, do Sindicato dos Médicos, do Sindicatos dos Enfermeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A Prefeitura não enviou nenhum representante.
O relatório apresenta problemas, como o “desmantelamento” do Samu, a superlotação das unidades de saúde da rede municipal, a falta de insumos e de médicos especialistas e a precariedade da estrutura física. Além da substituição do credenciamento de médicos pela contratação via empresas, “que tem gerado situações de assédio moral, sobrecarga dos trabalhadores e descumprimento de direitos trabalhistas, por exemplo”.
‘Precarização’
“Essa crise é planejada e programada, como fizeram na Comurg. Eles precarizam o serviço para depois justificar a contratação de uma empresa, a terceirização, a ‘pejotização’ para resolver problemas que o município não consegue resolver”, disse Kátia Maria.
As sete unidades municipais visitadas foram: UPA Novo Mundo; Cais Chácara do Governador; UPA Itaipu; Cais Campinas; Cais Cândida de Morais; UPA Noroeste; e Cais Vila Nova.
“Nós temos acompanhado de perto a questão da saúde em Goiânia e posso afirmar que ela nem está na UTI, está em coma”, enfatizou a vereadora. “As visitas que fizemos só reafirmam o que já temos observado há um ano. Há deficiência no número de médicos, de enfermeiros e de servidores; problemas de estrutura e de conservação das unidades; e faltam insumos básicos e medicamentos. Na Chácara do Governador, não tinha álcool e algodão”, afirmou.
Regulação
Outro problema detectado foi em relação à regulação. Segundo a parlamentar, há ruído entre as regulações municipal e estadual, o que provoca superlotação nas unidades e longa espera por leito hospitalar. “Observamos muitos pacientes internados há mais de 24 horas, quando já deveriam ter sido encaminhados a um hospital”, disse Kátia Maria.
“O Cais é um lugar de passagem. O paciente chega, é atendido, medicado e, se for o caso, vai para casa ou é encaminhado a um hospital, mas isso tem demorado 10, 15 dias, e as unidades do município não têm estrutura e capacidade de manter esses pacientes ali”, completou.
O relatório apresentado ao Cremego reúne dados, observações, depoimentos de servidores e de pacientes, fotos e vídeos. O documento, segundo Kátia, reforça as fiscalizações e constatações já feitas pelo conselho.
Com esses dados, a presidente da Comissão de Saúde acionará o Ministério Público de Contas do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCMGO) para que o órgão apure a compatibilidade entre o que está sendo gasto e os problemas enfrentados na saúde.
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