Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, quer trabalhar com Fernando Haddad, ministro da Fazenda, para ampliar a autonomia da instituição. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Campos Neto disse que, num encontro com Haddad na sexta-feira, tentou “dar conforto para ele, que o BC tem flexibilidade, que a gente pode discutir, que nada vai ser feito à revelia”.
A conversa entre os dois veio depois de o diálogo ter sido interrompido porque Campos Neto havia começado a articular a aprovação no Senado de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumenta essa autonomia.
O Palácio do Planalto não gostou. A PEC garante ao BC autonomia técnica, operacional, administrativa, orçamentária e financeira, ao transformá-la em uma instituição de natureza especial. O BC tem autonomia operacional há três anos.
Campos Neto também se mostrou otimista com o crescimento do país para 2024. “A evidência que a gente tem até agora é que o primeiro trimestre deve ter um PIB maior, inclusive as casas [do mercado] têm revisado o crescimento de 2024 para cima.”
Reação petista
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, usou suas redes para criticar a proposta e a entrevista, dizendo que Campos Neto “segue defendendo taxa de juros acima da realidade, contenção do crédito e ainda aponta os salários melhores como ‘risco’. Querem submeter o Brasil a uma ditadura monetária”.
O deputado federal petista Lindbergh Farias também se manifestou contra a PEC e afirmou que “o governo nunca foi consultado”.