A eleição de nomes conservadores para o Congresso fez com que muita gente especulasse sobre a capacidade de Lula (PT) montar uma base parlamentar. A resposta parece vir poucos dias depois de ele vencer o segundo turno. O Centrão já sinaliza que tem interesse em integrar a base de Lula. Como se sabe, sempre participou de todos os governos desde a redemocratização.
O preço, pelo menos inicialmente, é que o presidente eleito Lula apoie ou ao menos não se oponha à reeleição de Arthur Lira (PP) para o comando da Câmara dos Deputados. O próprio deputado fez um primeiro movimento, ao reconhecer o resultado das urnas tão logo o TSE proclamou a eleição do novo presidente.
Sinalização de Lula
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse ontem que Lula não pretende se envolver na eleição para a presidência da Câmara. Portanto, torna muito fácil a recondução de Lira. O partido saiu escaldado de 2015, quando patrocinou a candidatura de Arlindo Chinaglia contra Eduardo Cunha (então MDB-RJ), que venceu e, no ano seguinte, comandou o impeachment de Dilma Rousseff.
O governo Lula vai precisar de muito apoio parlamentar se quiser implantar suas promessas de campanha. O relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), disse não ver espaço na proposta orçamentária no Congresso para manter o Auxílio Brasil em R$ 600 e conceder um reajuste ao salário-mínimo acima da inflação. Castro se reúne hoje (3/11) com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e parlamentares ligados à transição, mas não promete boas notícias.