Cair em um golpe digital virou quase uma rotina atualmente no Brasil. De acordo com dados da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP), seis tipos de fraudes se destacam no momento, tanto pela frequência quanto pelos danos causados.
Os alvos: pessoas de todas as idades, em diferentes contextos, geralmente pegas pela pressa, pela confiança ou pelo cansaço diante do bombardeio de informações que recebem todos os dias.
Para o presidente da ADDP, Francisco Gomes Junior, o mais preocupante é que as vítimas desses golpes não só arcam com prejuízos financeiros, como ainda enfrentam uma espécie de julgamento social, como se fossem culpadas por terem caído na armadilha.
“É comum ouvir frases como ‘não acredito que você caiu nisso’ ou ‘caiu porque foi ganancioso’. O resultado é um sentimento de orfandade digital, como se não houvesse para onde correr depois do golpe”, afirma o advogado.
“Os criminosos sabem exatamente qual isca usar em cada momento do ano. Em abril e maio, o tema é Imposto de Renda. Em dezembro, o golpe muda de cara e fala sobre 13º salário, por exemplo”, completa.
Cuidados
Embora as orientações básicas reforcem o cuidado com links, senhas e verificação em duas etapas, Francisco Gomes Junior aponta que essas medidas, por si só, não são suficientes. “As dicas atuais já estão ultrapassadas. Os criminosos se aproveitam da mudança constante no cenário digital. É preciso uma abordagem mais moderna, com campanhas educativas mais eficazes e apoio real às vítimas”, diz.
Outro ponto de alerta envolve o uso do Bluetooth. Vídeos que circulam nas redes mostram como criminosos podem acessar dados de aparelhos próximos em ambientes públicos, caso o recurso esteja ativado. É o que a ADDP chama de “golpe invisível”, porque acontece sem que a vítima sequer perceba.
“Os golpes vão continuar crescendo se a gente continuar tratando esse problema como uma falha do usuário. Isso é uma falha do sistema, da estrutura de proteção digital e da falta de responsabilização dos golpistas. E quem paga a conta é sempre a vítima”, frisa o presidente da ADDP.
Confira os golpes mais aplicados neste ano:
- Link malicioso: Disfarçado de aviso bancário ou mensagem da Receita Federal, o link geralmente leva a um site falso ou instala um programa espião no celular da vítima.
- Falso benefício: Com a promessa de liberação de verbas como INSS ou Bolsa Família, o golpista exige um depósito inicial para liberar o valor, e desaparece após o pagamento.
- Golpe do WhatsApp: A vítima é induzida a clicar ou compartilhar códigos, permitindo que criminosos cliquem sua conta e acessem outros aplicativos e dados pessoais.
- Falso gerente de banco: Criminosos ligam dizendo ser do banco e pedem dados confidenciais para “cancelar uma operação suspeita”. Com as informações, assumem o controle da conta.
- Falsa venda online: Sites bem produzidos oferecem produtos com preços irresistíveis. O consumidor paga, mas nunca recebe o produto.
- Empréstimo consignado falso: Surfando em anúncios reais do governo sobre novas linhas de crédito, golpistas pedem que a vítima preencha um cadastro e pague uma taxa para liberar o dinheiro.