Ao responder aos questionamentos dos parlamentares nesta quinta-feira (12/6) na Assembleia Legislativa de Goiás Alego, o conselheiro Guy Francisco Brasil Cavalcanti revelou divergências internas na Agência Goiana de Regulação (AGR). Ele foi sabatinado para a recondução ao cargo de conselheiro, numa indicação do governador Ronaldo Caiado (União Brasil).
O conselheiro foi acusado durante a sabatina pelo deputado Amauri Ribeiro (União Brasil) de favorecer empresas do transporte intermunicipal. Em resposta, Guy Brasil classificou como desproporcional a fiscalização sobre empresas autorizadas, em contraste com a baixa atuação contra operadores clandestinos.
Segundo ele, a empresa Viação Goiás, por exemplo, recebeu 62 autuações em um único mês. “Não existe empresa que sobreviva a isso. Temos apenas quatro fiscais da AGR, todos concentrados na rodoviária, enquanto o transporte clandestino cresce livremente fora dali”, criticou.
Divergências
Neste momento, o conselheiro afirmou ter “divergências profundas” com o presidente da AGR, Wagner Oliveira Gomes, quanto à política de transporte. Especialmente sobre a flexibilização do chamado transporte alternativo.
“Tenho boa convivência com o presidente, mas uma visão totalmente diferente. Ele defende liberar o alternativo. Eu sou contra, pois já vimos no passado que isso virou uma bagunça”, disse. Para Guy Brasil, o transporte clandestino já domina a rodoviária de Goiânia.
Disse que esses operadores não pagam ICMS, taxa de embarque, seguro obrigatório, nem fazem revisões nos veículos. “É uma concorrência desleal, insegura e injusta com quem está regularizado. E isso está destruindo o setor”, afirmou o conselheiro.
Linhas
Guy Brasil ainda destacou a situação crítica das empresas concessionárias, com devoluções em massa de linhas e dificuldades para manutenção da frota. “A empresa Estrela devolveu 15 linhas. Outra empresa devolveu 28 e está prestes a parar. Tem ônibus rodando com carroceria batendo. Isso é gravíssimo”, alertou.
O conselheiro da AGR também defendeu que a abertura de novas linhas só ocorra após estudos de viabilidade econômica, para evitar a quebra de empresas já em operação. Ele citou demandas por trechos como Goiânia–Caldas Novas e Goiânia–Brasília, mas alertou para os riscos.
“Não se pode ceder à pressão política. Temos que garantir equilíbrio no sistema”, pontuou. E fez referência à Lei Estadual nº 18.763, especialmente aos artigos 14 e 15, que preveem ressarcimento às empresas prejudicadas em caso de sobreposição de linhas.
Conservadora
Guy afirmou ainda que ele e outros conselheiros seguem uma linha de atuação conservadora e técnica, com foco na ordem e planejamento. Segundo ele, o volume elevado de processos analisados nas reuniões — mais de 100 em cada sessão — é reflexo do zelo com o transporte intermunicipal.
“Não é omissão. É responsabilidade. Estudamos cada caso. Precisamos de planejamento, não de populismo”, concluiu.
Diante da polêmica sobre as acusações feitas pelo deputado Amauri Ribeiro e críticas à política interna da AGR realizadas pelo conselheiro Guy Brasil, os deputados decidiram adiar a votação de sua recondução ao cargo e marcar reunião com membros da agência reguladora do governo de Goiás.