O setor da construção civil deve fechar este ano com um crescimento de 4,1% em suas atividades. Entretanto, para 2025, a expectativa é de uma desaceleração, com uma projeção inicial de expansão de 2,3%. Segundo previsão da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
De acordo com o presidente da CBIC, Renato Correa, isso demonstra que o setor avançou consideravelmente desde a pandemia (anos 2020 e 2021). Mas ainda há um espaço significativo para crescimento, porque o setor ainda está abaixo dos níveis registrados há dez anos.
Em 2024, o desempenho foi impulsionado pelo aquecimento do mercado imobiliário, pela retomada de obras do Programa Minha Casa, Minha Vida, pelas obras relacionadas ao ano eleitoral, pelo dinamismo do mercado de trabalho e pela recuperação da economia brasileira.
O PIB do terceiro trimestre de 2024, divulgado pelo IBGE, revelou um crescimento de 4,1% no setor em relação ao ano anterior. Impulsionado pela recuperação da economia, o dinamismo do mercado imobiliário – especialmente com o retorno do programa Minha Casa, Minha Vida – e um mercado de trabalho aquecido.
Quando anualizado, o crescimento da construção civil foi de 3,3% nos últimos quatro trimestres. No entanto, o terceiro trimestre registrou uma queda de 1,7% em relação ao segundo. Devido à desaceleração nas obras de infraestrutura, impactadas pela conclusão de projetos ligados às eleições municipais.
Desempenho
Desde 2019, o setor cresceu 21,2%. Além disso, uma sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio da CBIC, revelou que, em outubro, a capacidade de operação das empresas do setor estava sendo utilizada em 70%, com uma média anual de 68%, o que é considerado um bom desempenho para a construção civil.
De janeiro a outubro de 2024, a produção de insumos para a construção civil cresceu 5,3%, e o comércio varejista de materiais aumentou 5%, refletindo a demanda por reformas e pequenas obras. O mercado imobiliário também teve bons resultados, com lançamentos e vendas de unidades crescendo 17% e 20%, respectivamente.
O mercado de trabalho na construção civil também apresentou resultados positivos em 2024. Entre janeiro e outubro, foram criadas mais de 230 mil novas vagas formais. O número total de trabalhadores com carteira assinada atingiu 2,978 milhões, alcançando o nível de 2014. O salário médio de admissão em outubro foi de R$ 2.335,69, superando a média nacional de R$ 2.153,18.
Desafios para 2025
Mas a construção civil ainda está cerca de 16% abaixo do pico de suas atividades no início de 2014. E o setor enfrenta desafios significativos. O aumento nos custos com mão de obra e materiais, aliado às taxas de juros elevadas, são fatores que podem impactar os resultados de 2025.
“O cenário econômico ainda é marcado por incertezas, com a inflação projetada acima do teto da meta e juros que devem encerrar o primeiro trimestre em 14,25%. Além disso, há o aumento nos custos de materiais de construção e mão de obra”, explicou Ieda Vasconcelos, economista da CBIC.
Segundo Renato Correa, é fundamental criar um ambiente de negócios favorável, a fim de manter um nível elevado de desenvolvimento tanto na infraestrutura quanto na habitação por um longo período.
“Não adianta ter uma ascensão, como em 2014, para depois experimentar uma queda, como ocorreu posteriormente. O ambiente de negócios precisa ser cuidadosamente planejado e trabalhado, garantindo a continuidade dos investimentos ao longo do tempo”, frisou.