O Exército de Israel divulgou na noite desta quinta-feira (12/10) um alerta para que a população civil deixe o norte da Faixa de Gaza em 24 horas, diante da iminência de uma invasão por terra. O território palestino é controlado pelo grupo terrorista Hamas, que fez no último fim de semana um dos mais violentos e infames ataques ao território israelense, matando cerca de 1.300 pessoas e fazendo 150 reféns, incluindo idosos e crianças.
A ONU, porém, afirmou que o prazo é inexequível e provocará “consequências humanitárias devastadoras”. O norte de Gaza tem pouco mais de 1,1 milhão de pessoas, 667 mil apenas na capital.
Os bombardeios ordenados por Israel sobre Gaza se intensificaram, deixando mais de 1,5 mil mortos, de acordo com o Ministério da Saúde palestino. A faixa está sob “cerco total”, incluindo corte no fornecimento de alimentos, eletricidade, combustível e água até a libertação dos reféns. Grupos humanitários como a Cruz Vermelha já alertam para o total desabastecimento da área e a ONU emitiu um comunicado em que condenou o ataque do Hamas, mas classificou o bloqueio de Israel a Gaza como “ilegal” e pediu que ele não se aprofunde.
A tragédia humanitária em Gaza está nas ruas e nos hospitais. “Por quê? Não fizemos nada!”, gritava um morador em Gaza ao ver o corpo de um parente ser resgatado dos escombros. No hospital al Shifa, o maior da área, entre idas e vindas das ambulâncias, os vizinhos se reúnem para buscar desaparecidos. Crianças ficam sentadas no chão, paralisadas. Uma enfermeira deixa um dos menores aos cuidados de um médico e pergunta, gritando: “Alguém conhece essa criança?”.
Apoio do EUA
O governo da Síria afirmou que Israel atacou seus dois principais aeroportos, em Damasco, a capital, e Aleppo, maior cidade do país. As Forças de Defesa de Israel (IDF) não confirmaram o ataque. Bombardeios de Israel na Síria são frequentes, tendo como alvos, principalmente, comboios do Hezbollah, do Líbano, que carregam armas a partir do Irã.
Israel tem total apoio dos Estados Unidos, reafirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em visita a Tel Aviv. No encontro com o premiê israelense Benjamin Netanyahu, membros do Ministério das Relações Exteriores mostraram a Blinken imagens de crianças assassinadas pelo Hamas. Algumas destas fotografias foram distribuídas para a imprensa. Em três, bebês estão degolados, seus corpos calcinados.
Já o Brasil tenta retirar 22 brasileiros que pediram resgate de Gaza — alguns deles estão abrigados em uma escola. Há dificuldade de realizar essa saída pela fronteira com o Egito, que teve seu posto de imigração destruído pelos bombardeios. Apesar dos apelos do presidente Lula por um corredor humanitário, inclusive ao presidente de Israel, e da negociação intermediada por Celso Amorim, não há muita esperança de avanços nesse sentido na reunião de hoje do Conselho de Segurança da ONU, presidido pelo Brasil.
Ainda assim, o governo brasileiro decidiu mandar um avião da presidência para ficar de prontidão em Roma e tentar efetuar o resgate.
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