A CPI da Pandemia, no Senado, ouve na manhã desta quarta-feira (04/8) o coronel da reserva Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. O coronel disse que só negociou a compra de vacinas da AstraZeneca com o policial militar Luiz Dominguetti para o mercado particular. Segundo ele, as conversas que teve com o representante da Davati no Brasil só ocorreram em fevereiro, um mês depois de ter deixado o Ministério da Saúde. Blanco afirmou que pretendia a “construção de modelo de negócio no meio privado”.
Ao explicar como foi trabalhar no Ministério da Saúde, Marcelo Blanco informou que o nome dele foi indicado ao então ministro Eduardo Pazuello pelo coronel Franco Duarte, amigo de Blanco há mais de 35 anos. A testemunha disse ainda acreditar que sua experiência profissional contribuiu para que assumisse cargo de assessoramento na Diretoria de Logística da pasta.
Segundo o coronel, o jantar do dia 25 de fevereiro no restaurante Vasto, em Brasília, com o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, não foi um encontro casual. Ele informou que soube do próprio ex-diretor de que este estaria no restaurante e sugeriu ao representante da Davati Medical Supply, Luiz Dominguetti, que se encontrava na capital, para passar no local e solicitar uma agenda no Ministério da Saúde. De acordo com Dominguetti, teria sido nessa ocasião, o pedido de Roberto Dias de propina de US$ 1 para cada dose negociada na venda da vacina AstraZeneca ao governo.
O coronel Marcelo Blanco admitiu que tinha “uma relação amistosa” com Roberto Dias, ex-diretor do Ministério da Saúde acusado de cobrar propina para a compra da AstraZeneca. Blanco negou acusações feitas à CPI por Cristiano Alberto Carvalho, vendedor da Davati no Brasil. Segundo Carvalho, o militar seria “um assessor oficioso” de Dias. Marcelo Blanco disse ainda que não tinha relação de proximidade com o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello.