Começa ficar mais explícita a estratégia do núcleo político do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) para minar uma pré-candidatura do prefeito Gustavo Mendanha (sem partido), de Aparecida de Goiânia, ao governo de Goiás nas eleições deste ano. Primeiro: colar a imagem de Gustavo na do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Segundo: levar dúvidas e críticas sobre a sua gestão municipal. E terceiro: tentar minar a sua relação com o vice Vilmar Mariano (Podemos), que deve assumir a prefeitura de Aparecida em 1º de abril.
É o que demonstrou o presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, futuro vice na chapa de Caiado, em entrevista publicada neste sábado (12/3) pelo jornal O Popular (leia a entrevista completa aqui). “Marconi é o grande idealizador desta candidatura de Gustavo. Quem quer a volta de Marconi já tem uma opção: é só votar no Gustavo”, disse o emedebista. Daniel diz ter certeza de que o prefeito e o tucano estarão juntos, numa chapa, ainda no primeiro turno da eleição em Goiás.
Esta estratégia faz sentido para a base governista por acreditar que o ex-governador do PSDB ainda tem forte desgaste junto ao eleitorado goiano. O emedebista afirmou que o tucano terá dificuldade para ser eleito até para o Senado, caso opte por esta candidatura. Claro, aí também tem outro objetivo do grupo caiadista: dar injeção de ânimo para Henrique Meirelles (PSD) sair candidato a senador por Goiás.
“Acho que uma pessoa que se muda de Goiás, vai morar em São Paulo porque não tem condições de viver no seu Estado, não é interessante para se caminhar ao lado politicamente”, frisou o presidente do MDB, em referência a Marconi. E, claro, já criticando uma eventual aliança do tucano com Gustavo Mendanha.
Gestão mendanhista
Daniel Vilela também afirmou na entrevista que a gestão de Gustavo seria superdimensionada. Afirmou que o prefeito herdou (do seu pai e ex-prefeito Maguito Vilela, que faleceu em janeiro de 2021) uma prefeitura condições favoráveis, o que também teria ajudado a ser reeleito no ano passado com mais de 95% dos votos válidos. Aliás, disse que esta reeleição teria sido “artificial”, porque Gustavo não teve adversários na campanha. Além disto, afirmou que o prefeito “inchou” a administração municipal ao ter criado muitos cargos para abrigar a maioria dos partidos na sua aliança em 2020.
“Aparecida está despencando. Isso não é à toa. Eu tenho até visto um discurso já pronto: Gustavo renuncia, a bomba fiscal começa a surgir de forma mais intensa e a culpa vai ser do vice, o Vilmarzinho”, enfatizou Daniel. É a terceira estratégia: começar minar a relação de Gustavo com o seu vice, que vai comandar a prefeitura de Aparecida de Goiânia durante a campanha eleitoral deste ano. “A gente não quer ver Aparecida retroagir tudo que conquistou nos últimos anos”, frisou Daniel. Um claro aceno palaciano para Vilmar Marino.
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