O que é a força da máquina do governo. De partido encolhido em 2016, quando elegeu somente dez prefeitos, o DEM goiano chegou ao segundo semestre de 2021 com 80 gestores municipais filiados. Em 2020, já no comando da gestão estadual, a sigla elegeu 62 prefeitos. A conta foi feita pela coluna Sagres em Off, do portal de notícias da rádio Sagres 730.
A questão é que, se quisesse, o DEM teria puxado ainda mais prefeitos. Não o fez para preservar o bom relacionamento com partidos que já compõem a base governista e também para manter as portas abertas a potenciais aliados, como o MDB. Embora pelo menos meia dúzia de gestores emedebistas tenham manifestado interesse de se filiar ao DEM, o governador Ronaldo Caiado sabe que se fizesse o movimento provocaria uma ruptura com o partido, que ele tenta trazer para sua base.
Apesar de ter operado para tirar prefeitos do PP, o governador também colocou o pé no freio no esvaziamento do partido, com o qual teve desentendimentos no início do ano, pois quer que os progressistas apoiem sua reeleição. A vítima da vez da máquina governista é o PL, da deputada federal Magda Mofatto, que andou criticando a postura do governo na caçada ao criminoso Lázaro Barbosa. Alguns prefeitos filiados à sigla devem anunciar a ida para o DEM nos próximos dias. Mas a deputada já amenizou o tom contra o Palácio das Esmeraldas e tem buscado diálogo, o que pode estancar a sangria.
Vale lembrar que antes de ser eleito governador, Caiado era um crítico contumaz dessa política de adesão de aliados. Seu rompimento com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) se deu quando o tucano tirou numa só tacada 20 prefeitos do então PFL (sigla que depois virou o DEM), em 2003. A articulação de Marconi buscava abertamente o enfraquecimento do então aliado, com quem já acumulava divergências políticas. O episódio fez desandar definitivamente a relação política dos dois.