O ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse nesta quarta-feira (17/5) que há espaço para iniciar o ciclo de cortes na taxa de juros. Foi um claro recado ao Banco Central (BC), que no início deste mês manteve, pela sexta vez consecutiva, a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano. O chefe da equipe econômica do governo Lula (PT) afirmou que a redução nos preços dos combustíveis e o novo marco fiscal vão reduzir as pressões inflacionárias no País.
“Este ano, a estimativa de gasto real da União com juros é da ordem de R$ 740 bilhões. E vejam que curiosidade: o gasto injustificado alimenta o juro real porque é o desequilíbrio das contas públicas promovido pelo gasto tributário que faz com que o Banco Central suba o juro por insustentabilidade da trajetória da dívida pública”, afirmou Haddad, em audiência pública na Câmara dos Deputados.
Entretanto, na avaliação de Haddad, o debate sobre a redução dos juros não afeta a autoridade e autonomia do Banco Central, responsável por estabelecer o percentual adotado. “Não estamos questionando a autoridade monetária, do ponto de vista do seu poder. Estou ponderando o que é melhor para o Brasil. Com as medidas tomadas até aqui, sim, haveria espaço para um gesto de mais confiança na economia brasileira, sem que houvesse qualquer percalço na inflação”, argumentou.
Reforma tributária
O ministro disse que a reforma tributária poder ser votada na Câmara dos Deputados a partir de junho. Segundo ele, a nova legislação será progressiva mesmo em relação aos impostos sobre consumo. “A reforma tributária em relação ao imposto sobre consumo, ela é progressiva por duas razões: uma porque vai ter uma alíquota menor sobre os bens adquiridos pelos trabalhadores, por quem tem renda menor. E a segunda é que poderá ter uma autorização para fazer o cashback, devolver os tributos cobrados sobre os produtos que imaginar, [como] cesta básica”, disse.
“A reforma tributária que já poderia ter sido votada e não foi porque queriam criar um imposto novo, voltar com a CPMF”, disse. “Aquilo seria um atraso. Foi muito bem não aprovar um imposto com a volta da CPMF. Agora, não. Eu acredito que nós podemos votar em junho, aqui na Câmara, a PEC da Reforma Tributária”, completou.
“Vencida a etapa da reforma tributária, teremos uma avenida para discutir o que é estratégico para o País. Nós vamos poder discutir a questão da transição ecológica, nós temos que rediscutir a questão da educação brasileira. Não dá para continuar convivendo com taxa de crescimento de 1% ao ano em média. Este ano nós devemos crescer próximo de 2%, mas, na minha opinião, é pouco. Temos tudo para crescer acima da média mundial”, acrescentou Haddad.
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