O desembargador Adriano Roberto Linhares Camargo, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), emitiu uma nota nesta sexta-feira (3/11) afirmando que admira o trabalho da Polícia Militar de Goiás (PMGO) e que a corporação deve continua com seu “valoroso trabalho”. Isto, depois de sua polêmica declaração em que defendeu a extinção da PM no Estado e causou forte e irritada reação do governador Ronaldo Caiado (UB).
Em julgamento na quarta-feira (1/11), o desembargador emitiu uma opinião pessoal sobre o trabalho da PM em Goiás, diante de vários casos de mortes de suspeitos em confrontos com policiais no Estado. “Aqui vai uma reflexão pessoal: para mim, tem de acabar com a Polícia Militar e instituir uma forma diferente de atuação na área de investigação e de repressão ao crime”, afirmou.
Já em viagem para a China, o governador questionou o preparo jurídico do desembargador goiano, levantou suspeita sobre a real intenção do desembargador (inclusive insinuou que poderia estar defendendo o crime organizado) e afirmou que o seu governo iria pedir o seu impeachment ao Conselho de Ética do TJGO. Além disso, vários oficiais da PMGO também declararam em notas ou nas redes sociais pesadas críticas contra o magistrado.
Bombeiros em ação
A polêmica ganhou proporção perigosa ao relacionamento entre os Poderes Executivo e Judiciário e bombeiros entraram em ação para controlar o incêndio. Foi sintomático que o Tribunal de Justiça de Goiás e a Associação dos Magistrados de Goiás (ASMEGO) emitiram notas oficiais reconhecendo e valorizando o trabalho da PM.
O TJGO declarou ainda que “compreensões ou opiniões expressadas por magistrados, em suas decisões e julgamentos, representam entendimento e convencimentos pessoais”. A ASMEGO ressaltou que não se posiciona acerca de decisões proferidas por juízes e desembargadores.
Não restaram muitas opções para o desembargador Adriano Roberto Linhas Camargo. Confira a sua nota na íntegra, postada nas redes sociais da ASMEGO:
“A Polícia Militar merece a consideração e a admiração de todos, e deve continuar com seu valoroso trabalho. Como toda organização civil ou militar, necessita de permanente estímulo e aprimoramento para melhor servir aos cidadãos.
Ante a intensidade dos debates travados em sessão de julgamento no dia 1º de novembro, quarta-feira, ao que tudo está a indicar, diante da repercussão que se seguiu, não houvera andado bem ao registrar uma impressão pessoal que não expressa adequadamente minhas ponderações sobre a quase bicentenária instituição.
Todavia, jamais me ocorreu o objetivo de afetar a credibilidade institucional da Polícia Militar nem de seus dignos integrantes.
Desembargador Adriano Roberto Linhares Camargo.”