João Doria, governador de São Paulo, foi o grande vencedor da prévias do PSDB, concluídas finalmente no último sábado. Ele teve 53,9% dos votos, contra 44,6% do governador gaúcho Eduardo Leite e 1,35% do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. Agora pré-candidato de fato e de direito, Doria começou o trabalho de aparar arestas, mas já recebeu a primeira porta na cara. Convidado a integrar o comando da campanha do vencedor, Leite respondeu que não. “Imagino que o governador Doria busque alguém afinado com sua forma de pensar e fazer política, para além de uma visão meramente partidária”, disse o gaúcho.
Doria tentou sem sucesso fazer as pazes com Leite e busca atrair outros partidos, mas há gente no PSDB com quem ele não quer nem conversa. Mais especificamente o deputado Aécio Neves (MG) e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin. Este está de malas prontas e deve migrar para o PSD, mas o parlamentar mineiro tem grande influência na ala bolsonarista dos tucanos na Câmara. Doria já defendeu mais de uma vez a expulsão de Aécio do partido.
Paralelamente, Doria já conversou com presidentes e líderes de outros partidos de centro pregando a união contra o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Adversário de Doria no campo da terceira via, o ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) telefonou para o governador paulista e o felicitou pela vitória. O paulista aproveitou para propor um encontro entre eles.
Um dos alvos de Doria nessa busca por alianças é o MDB. Ontem, ele disse que vai manter a promessa de ter uma mulher como companheira de chapa e rasgou elogios à senadora Simone Tebet (MDB-MS), lançada pré-candidata pelo partido na semana passada.
Em Goiás
Lideranças tucanas goianas demonstram falta de disposição para pedir votos para Doria, desânimo com os rumos do partido e possibilidade de desfiliações, além de acusar “compra de votos” por parte do grupo do governador paulista, segundo o jornal O Popular. O presidente licenciado do diretório estadual, ex-governador José Eliton, diz que Doria terá uma missão “muito difícil de reconciliar o partido, restabelecer unidade e cicatrizar feridas”. Marconi Perillo, que apoiou o governador de SP, afirma que a vitória de Dória já era prevista e que agora “o importante é o partido sair unido”.