Apesar da alta dos juros do Banco Central (BC) para conter a inflação, a economia brasileira mantém trajetória de crescimento neste ano. Segundo mostram os levantamentos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do próprio BC divulgados nesta segunda-feira (19/5).
No levantamento Monitor do PIB da FGV, a economia brasileira cresceu 1,6% no primeiro trimestre do ano em comparação com o último trimestre de 2024. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a expansão observada é de 3,1%. No acumulado de 12 meses, a alta é de 3,5%.
O desempenho do primeiro trimestre é dessazonalizado. Ou seja, foram excluídas variações típicas da época do ano, para que efeitos do calendário não distorçam a comparação entre períodos diferentes. O levantamento faz estimativas sobre o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) e serve como prévia do dado oficial, divulgado trimestralmente pelo IBGE.
Análise
A economista Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, aponta que a agropecuária teve “forte crescimento” de 12,2% no primeiro trimestre, sendo o grande destaque do período. Ela frisa ainda que o crescimento de 1,3% no setor de serviços, atividade de maior peso no PIB, também colaborou para o bom desempenho da economia.
“Com isso, o resultado do primeiro trimestre reverte a tendência declinante da economia, que se observava desde o terceiro semestre de 2024”, analisa a economista. No fim de 2024, o resultado trimestral havia sido quase nulo, com apenas 0,1% de alta ante o trimestre imediatamente anterior.
Em valores monetários, a FGV estima o PIB brasileiro do primeiro trimestre em R$ 3,393 trilhões.
Banco Central
Já o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) aponta que o Brasil registrou alta de 1,3% de janeiro a março em relação ao trimestre anterior (outubro a dezembro de 2024), de acordo com dados dessazonalizados (ajustados para o período). Em comparação ao primeiro trimestre de 2024, a alta foi de 3,7%, sem ajuste para o período, já que a comparação é entre meses iguais.
Considerando apenas o mês de março deste ano, o IBC-Br teve aumento de 0,8% em relação a fevereiro. Na comparação com o mesmo mês de 2024, houve alta de 3,5% (sem ajuste para o período). No acumulado do ano, o indicador ficou positivo em 3,7% e, em 12 meses, registrou aumento de 4,2%.
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica do país e ajuda o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, definida atualmente em 14,75% ao ano.
Divulgado mensalmente, o IBC-Br emprega metodologia diferente da utilizada para medir o Produto Interno Bruto (PIB), que é o indicador oficial da economia brasileira divulgado pelo IBGE. Segundo o BC, o índice “contribui para a elaboração de estratégia da política monetária” do país, mas “não é exatamente uma prévia do PIB.”