Habilidoso na estratégia de usar a controvérsia para atrair as atenções, o senador goiano Jorge Kajuru (Podemos) afirma que decidiu não participar da disputa eleitoral do próximo ano e que não vê a hora de encerrar o mandato, que acaba em 2026. O desencanto com a política, segundo ele, tem como um dos principais fatores o distanciamento do governador Ronaldo Caiado (DEM), a quem apoiou em 2018.
“Não vou participar (das eleições), não vou apoiar ninguém. Ele (Caiado) demonstrou que seus senadores são Vanderlan (Cardoso, do PSD) e Luiz do Carmo (MDB), então que fique com eles. Não vou fazer campanha contra, mas a favor também jamais”, disse Kajuru à coluna Giro, do Popular. Ele se diz machucado por Caiado supostamente não retribuir a amizade de 35 anos que eles tinham.
“No mundo político de hoje ninguém é amigo de ninguém. Por isso que quero cair fora da política. Eu queria que fosse 1° de janeiro de 2027. Esse não é meu mundo”, disse o senador, acrescentando que não disputa mais eleições. Não é a primeira vez que Kajuru renega a política, mesmo mantendo-se nela.
Uma de suas estratégias para conquistar o voto do eleitor é justamente se postar como um anti-político que tenta enfrentar o sistema por dentro. Em 2007, o senador chegou a dizer em entrevista que se um dia disputasse uma eleição, ele não seria mais digno de confiança. “No dia em que eu for candidato, não acredite mais em mim, porque serei ladrão”, disse, categórico. No ano seguinte foi eleito vereador por Goiânia.
Em 2019, Kajuru chegou a dizer que, desiludido da política, iria renunciar ao mandato no Senado. “Devo confessar que estou decidindo a renunciar. Não preciso disso e parece não valer a pena, pois não há reconhecimento. Muitos gostam do malandro, corrupto, falso e hipócrita”, afirmou nas suas redes sociais. Não renunciou, evidentemente. O truque é velho, mas o senador, que domina a técnica de atrair os holofotes para si, sempre usou com sucesso, sem se preocupar com contradições.