A Prevent Senior atuou em parceria com o chamado ‘gabinete paralelo’ de assessores informais do presidente Jair Bolsonaro para validar a cloroquina e outros tratamentos ineficazes de modo a dar ao Ministério da Economia justificativa para não decretar lockdowns no país. Essa é a síntese do depoimento ontem à CPI da Covid da advogada Bruna Morato, representante dos 12 médicos que denunciaram experiências com pacientes sem autorização e ocultação das mortes por covid-19.
A advogada disse que os profissionais de saúde eram coagidos a adotar o ‘kit covid’ e a ocultar a doença nas certidões de óbito. Ela afirmou que funcionários eram orientados a reduzir o oxigênio de pacientes internados havia mais de dez dias em UTIs. A empresa classificou a acusação como “loucura”.
Ao depor na semana passada, o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, disse que os médicos tinham autonomia para prescrever os tratamentos, mas admitiu a orientação para que o código de diagnóstico de covid-19 fosse mudado durante a internação.
A CPI vê indícios de ligação da Prevent Senior com o Conselho Federal de Medicina e conselhos regionais. Ao longo da pandemia, o CFM manteve o entendimento da autonomia médica, mesmo com tratamentos ineficazes.
A Agência Nacional de Saúde autuou a Prevent Senior por não informar aos pacientes que eles estavam sendo tratados com o ‘kit covid’. O órgão investiga agora a denúncia de coação dos médicos.