A maioria dos jovens brasileiros (67%) declara não ser de direita e nem de esquerda, o que aponta que está afastado da polarização brasileira. Cerca de 17% dos entrevistados se declarou de direita ou centro-direita. Como de esquerda ou centro-esquerda, foram 16%. E 9% do centro.
Mas um grande número de jovens (31%) informou que nunca teve posição política. Outros 7% dizem que já tiveram posição política e que atualmente não têm mais. O restante (20%) preferiu não responder.
É o que mostrou pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Instituto de Pesquisa IDEIA. Chamada de O que Pensam os Jovens brasileiros, ouviu 1.034 jovens de todas as regiões do país, entre 16 e 23 de setembro de 2024. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
“Dois terços dos jovens, que chamamos de nem-nem – nem de esquerda e nem de direita – são uma massa numerosa e não colocam a questão ideológica como prioridade para se posicionar”, disse o professor e pesquisador Pedro Arantes (Unifesp).
Bolsonaro x Lula
Os entrevistados foram indagados também sobre suas afinidades político-partidárias considerando o cenário com os dois maiores adversários na vida política nacional atualmente.
Com isso, 23% dos entrevistados se declararam bolsonaristas ou mais próximo do pensamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Enquanto 28% se declaram petistas ou próximos aos ideais do atual presidente Lula (PT).
O segmento mais expressivo, contudo, foi dos que não se posicionam em nenhuma dessas correntes: 33%. Os que não souberam ou preferiram não responder somam 16%.
Comportamento
Por outro lado, disse Arantes, a pesquisa demonstrou que há uma forte polarização entre os jovens que se reconhecem como sendo de direita ou de esquerda em relação principalmente a temas comportamentais ou sociais.
O reconhecimento do direito ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, tem o apoio de 80% dos esquerdistas ouvidos na pesquisa, enquanto que, entre os direitistas, esse índice cai para 27%.
Já a ampliação das escolas cívico-militares conta com a simpatia de 68,6% dos jovens de direita, enquanto entre os de esquerda a aprovação é de 26%. Em relação às cotas nas universidades públicas, o apoio dos esquerdistas em se manter ou ampliar essa política representa o dobro dos direitistas: 66% a 33%.