Depois de ter tido grande influência nas eleições de 2018, a Operação Lava Jato foi enterrada desde que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passou a dar expediente no Palácio do Planalto, mas seus principais membros estão decididos a dar um novo e importante passo: seguir a filiação do ex-juiz Sergio Moro no Podemos para candidaturas nas eleições de 2022. Em Brasília há pouca dúvida de que Moro, ex-ministro de Bolsonaro, deverá ser candidato a presidente da República por uma terceira via. Já estaria até mesmo montando equipe para a pré-campanha. Sua filiação no Podemos será no próximo dia 10, em Brasília, e já tem até slogan: “Moro – Um Brasil Justo para Todos”. É claro que tem dedo de marqueteiro político neste material.
O ex-coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, demitiu-se do Ministério Público Federal para também entrar na política. Pretende seguir Moro e se filiar ao Podemos, concorrendo a uma vaga na Câmara dos Deputados. O ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também cogita candidatura pelo Podemos.
Embora Sergio Moro seja um dos nomes com maior potencial de quebrar uma polarização entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula em 2022, também é o candidato mais rejeitado nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais, na casa dos 60%, fruto dos desgastes sofridos por sua passagem turbulenta no governo Bolsonaro como ministro da Justiça, além das desconfianças sobre as suas atitudes (e reais intenções) na Operação Lava Jato.
Recuperar imagem
Para recuperar sua imagem, Moro decidiu antecipar sua filiação e pré-candidatura (o que lhe vai garantir mais holofotes) e também deve lançar no mês que vem um livro com a sua narrativa sobre o seu trabalho de combate à corrupção no Brasil. Outro motivo para antecipar sua pré-candidatura, é que Moro também precisa ganhar terreno no eleitorado e não deixar Ciro Gomes (PDT) correndo praticamente sozinho como candidato da terceira via. Neste mês o PSDB também deve decidir quem será o seu candidato a presidente em 2022, se o governador paulista João Doria ou o gaúcho Eduardo Leite.
Sergio Moro terá, entretanto, de ir além de rebater a narrativa petista sobre a sua parcialidade na Lava Jato e também se afirmar como um nome que tem propostas além do combate contra a corrupção e medidas na segurança pública. Precisará convencer que será capaz de retomar o desenvolvimento econômico do Brasil.
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