Uma aeronave modelo Learjet 55 caiu por volta das 18h30 (horário local) desta sexta-feira (31/1) após decolar do Aeroporto Nordeste da Filadélfia, nos Estados Unidos. De acordo com o secretário de Transportes norte-americano, Sean Duffy, seis pessoas estavam a bordo.
O avião seguia para o Aeroporto Nacional de Springfiel-Branson, no Missouri. A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) investigam o acidente.
Ainda não há informações oficiais sobre mortos e feridos. Vídeos postados em redes sociais mostram diversos focos de incêndio próximos ao local onde a aeronave caiu, perto de um shopping center.
Este é o segundo acidente aéreo registrado nos Estados Unidos em dois dias. Na última quarta-feira (29/1), um avião da companhia aérea American Airlines, carregando 64 pessoas a bordo, se chocou com um helicóptero Blackhawk do Exército norte-americano em Washington, capital dos EUA. Não houve sobreviventes.
Momento delicado
Os acidentes ocorrem em um momento delicado para a aviação civil norte-americana. Ao mesmo tempo em que as autoridades investigam as causas da colisão no ar, o meio se depara com ameaças de desmonte, falta de funcionários e um dos principais cargos executivos vago.
Michael Whitaker, então diretor da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), agência que controla a aviação civil, deixou o cargo assim que Donald Trump assumiu a Presidência dos EUA, no último dia 20.
Whitaker é desafeto pessoal de Elon Musk, bilionário aliado de Trump e agora com cargo na Casa Branca, desde que emitiu uma multa contra uma de suas empresas, a SpaceX. Após a eleição de Trump, em novembro, Musk passou a exigir abertamente a demissão de Whitaker em posts nas redes sociais, levando-o a confirmar ainda em dezembro que renunciaria ao fim da gestão Biden.
Atualmente, os dois cargos mais altos da cúpula estão vagos, e nenhum nome foi anunciado pelo governo Trump como reposição.
Desmonte
O espaço aéreo do país vive uma crise há décadas com a falta de controladores de voo, que remonta a meados dos anos 1980, com mudanças no setor implementadas pela gestão Reagan (1981-1989).
Após a pandemia, a retomada dos voos comerciais jogou luz sobre o problema. Um levantamento do “New York Times” de 2023 mostra um aumento de relatos, por parte de profissionais da aviação, de quase colisões nos céus dos EUA.
Em 2024, a FAA anunciou ter batido a sua meta de contratação de novos controladores de voo, de 1.800 profissionais, que ajudaria a repor um deficit estimado em 3.000 funcionários.
Funcionários da agência, porém, temem ser alvo dos cortes radicais de servidores públicos federais civis anunciados pelo governo Trump.
Como parte dos cortes, os membros da Aviation Secutrity Advisory Committee (comissão consultiva de segurança na aviação) receberam um aviso de desligamento na semana passada, órgão focado na segurança aérea contra ações intencionais, como atentados, instituído após o desastre de Lockerbie, com o voo 103 da PanAm, em 1988, explodido por terroristas.
O órgão continua a existir tecnicamente, mas terá todas as suas atividades congeladas. O grupo incluía representantes de todos os principais grupos da aviação civil — incluindo as companhias aéreas e os principais sindicatos. A vasta maioria das recomendações do grupo foi adotada pela indústria ao longo dos anos.