O gabinete do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a ganhar o contorno de diversidade étnica e de gênero prometido. Mas ainda não representa a frente ampla que o apoiou na estreita vitória do primeiro para o segundo turno. Lula apresentou nesta quinta-feira (22/12) oficialmente os 16 novos ministros, três dos quais já eram conhecidos: Margareth Menezes no Ministério da Cultura, Luiz Marinho no do Trabalho e Camilo Santana no da Educação.
Atual presidente da Fiocruz, Nísia Trindade vai para o Ministério da Saúde; a jornalista Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL-RJ), será ministra da Igualdade Racial; Alexandre Padilha vai para Relações Institucionais; Márcio Macêdo, para a Secretaria-Geral da presidência; Jorge Messias (o “Bessias” de Dilma) será o advogado geral da União; Esther Dweck irá para a pasta da Gestão.
Já o ex-governador paulista Márcio França foi anunciado para Portos e Aeroportos; Luciana Santos, presidente do PCdoB, para Ciência e Tecnologia; Cida Gonçalves para o Ministério das Mulheres; o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) para o Desenvolvimento Social, que gere o Bolsa Família; Silvio Almeida para Direitos Humanos; e Vinícius Marques de Carvalho para a Controladoria-Geral da União.
O presidente eleito Lula não conseguiu um empresário que assumisse, Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que acabou no colo do vice eleito Geraldo Alckmin, contrariando previsão inicial.
PT tem maioria
Com os anúncios até agora, Lula indicou 21 dos 37 ministros que comporão seu gabinete. Sete são políticos do PT, partido com a maior participação. Nenhum partido de centro foi contemplado até agora. Em termos étnicos e de gênero, são dez homens brancos, três pardos (Flávio Dino, Rui Costa e Jorge Messias), um preto, Sílvio Almeida, e um indígena, Wellington Dias. Entre as seis mulheres, Margareth Menezes e Anielle Franco são pretas e Luciana Franco se declara parda.
A ausência de dois nomes chamou a atenção, dado o papel que tiveram na campanha de Lula: a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) e, no segundo turno, a senadora Simone Tebet (MDB-MS). O presidente eleito se reuniu ontem com o presidente do MDB, Baleia Rossi e disse que o partido terá dois ministérios, além de um para Tebet, a quem deve oferecer Meio Ambiente ou Planejamento. A senadora até aceita o primeiro, desde que Marina vá para a “autoridade ambiental”, instituição a ser criada. O que a deputada já disse não querer.