Os bastidores já começam a se movimentar para a próxima eleição, embora os eleitos neste ano sequer tomaram posse. É natural do jogo político. A eleição municipal mais importante é a da capital, por geralmente ter maior população, força econômica e ser sede dos Poderes. No caso de Goiânia, algumas peças se movimentam, mesmo que ainda discretamente. Porque o jogo mal começou.
O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) é, naturalmente, candidato à reeleição. Ele assumiu a Prefeitura com a morte do prefeito eleito Maguito Vilela (MDB), no início de 2021. De lá para cá, busca se cacifar politicamente. Entretanto, ainda sequer é visto nos bastidores como potencial candidato. Será preciso mostrar que tem independência política, uma vez que passou a metade do mandato com a sua imagem atrelada a um grupo evangélico. Além de capacidade administrativa.
Rogério Cruz anunciou recentemente um pacote de investimentos para Goiânia de R$ 1,7 bilhão. Principalmente em infraestrutura, educação e saúde. Garante que tudo sairá de caixa próprio da Prefeitura. “Nosso desejo é finalizar o mandato (2024) com a entrega da Goiânia que merecemos e queremos”, afirmou. E, claro, para se cacifar à disputa eleitoral de 2024. Se cumprir a promessa de investimentos, poderá se fortalecer administrativamente.
Já na seara política, será preciso aguardar a reforma administrativa que o prefeito promete fazer no Paço (e que tem sido adiada semana após semana). Rogério Cruz busca o apoio de Ronaldo Caiado (União Brasil) para 2024. O prefeito apoiou a reeleição do governador, mesmo com o seu partido em outra coligação (a de Gustavo Mendanha). Contudo, o governador prefere não antecipar nenhum movimento sobre as eleições municipais. Tem todo o tempo a seu favor.
Aposta no MDB
A pretensão do MDB do vice-governador eleito Daniel Vilela é lançar candidato próprio em Goiânia. Não tem nada definitivo, mas o emedebista sabe que é importante eleger o prefeito da capital. Inclusive, para o seu projeto eleitoral de 2026. E o passado recente não inspira muita confiança do MDB em Rogério Cruz.
O nome mais cotado atualmente no MDB é o de Ana Paula Rezende, filha do ex-prefeito Iris Rezende. Entretanto, ela nega tal pretensão política. Mas, nos bastidores do partido, seu nome só tem crescido. Ana Paula tem personalidade forte, entende de política e é considerada uma boa gestora. Ajudou muito o seu pai na última gestão de Iris Rezende. Mas, há ainda dúvida sobre o seu real potencial eleitoral.
Existem nomes no União Brasil com pretensão também de disputar a eleição de Goiânia. Entre eles, o deputado federal Delegado Waldir. Contudo, ele tem grande dificuldade com eleição majoritária. Perdeu neste ano para o Senado e ficará sem mandato a partir de fevereiro. Há também o deputado federal Dr. Zacharias Calil e a deputada federal eleita (com quase 255 mil votos) Sylvie Alves. Além de ser mulher, a jornalista tem forte presença nas redes sociais e muita experiência em se comunicar. Pode surpreender nas pesquisas.
Chapa bolsonarista
Um nome que começa a dar os primeiros passos vislumbrando a eleição de Goiânia é o do senador eleito neste ano Wilder Morais (PL), com 799 mil votos. Teria o apoio do senador Vanderlan Cardoso (PSD), que disputou a eleição para prefeito da capital em 2020 e ficou em segundo lugar. Convém lembrar que a primeira suplente de Wilder é a mulher de Vanderlan, Isadora Cardoso.
Caso Wilder seja eleito prefeito da capital, pode também ajudar o projeto de Vanderlan de disputar o governo de Goiás em 2026. Ambos apostam na força do eleitorado conservador (principalmente bolsonaristas) de Goiânia. O presidente Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, teve 63,9% dos votos válidos na capital no segundo turno, contra 36% para o presidente eleito Lula (PT).
Projeto petista
Entretanto, a legenda que mais tem deixado claro a sua pretensão de lançar candidato a prefeito de Goiânia é o PT. Os petistas avaliam que, com o governo Lula, voltarão a ter força eleitoral na capital goiana. O nome mais cotado hoje no partido é o da deputada federal eleita Adriana Accorsi. Além de ter sido bem votada neste ano, é mulher, delegada da Polícia Civil e filha do ex-prefeito Darci Accorsi.
Adriana Accorsi também é conhecida por ter bom trânsito com partidos de centro-esquerda. Foi, por exemplo, delegada-geral da Polícia Civil de Goiás no governo do PSDB.
Entretanto, há um problema para os petistas: a rejeição de boa parte do eleitorado goianiense pela esquerda. Isto se agrava mais ainda com o fato de que as últimas gestões petistas na capital terminaram com aprovação popular baixa. Para vencer isto, o PT em Goiânia não poderá depender apenas de um bom governo Lula nos próximos dois anos.
Embora ainda está muito cedo para se cravar um nome, o que se pode já vislumbrar é que a disputa pela Prefeitura de Goiânia deverá ser uma das mais acirradas das últimas eleições. Nomes bons para isto, não faltam.