O governo Lula (PT) tem comemorado indicadores econômicos do Brasil, em meio às dificuldades no campo político. Nesta quarta-feira (14/6) saiu mais uma boa notícia: a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) elevou de estável para positiva a perspectiva para a nota de crédito do Brasil. Atualmente, a S&P concede nota BB- para o Brasil, três níveis abaixo do grau de investimento, garantia de que o país não corre risco de dar calote na dívida pública.
Em nota, a S&P informou que a melhora da perspectiva reflete uma possibilidade maior de que o país cresça mais com a estabilidade nas políticas monetária e fiscal. Apesar de déficits ainda elevados, a agência afirmou que o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) e o novo arcabouço fiscal proposto pelo governo possam fazer a dívida pública subir menos que o inicialmente esperado.
Segundo o comunicado, a melhora da perspectiva representa um primeiro passo para melhorar a nota da dívida pública brasileira. De acordo com a S&P, o rating (classificação de risco) poderá ser elevado em dois anos caso as instituições implementem uma política econômica “pragmática”, que consiga abrir espaço para mais crescimento. Além do novo arcabouço, a agência citou a aprovação de reformas adicionais, como a tributária.
Reação do mercado
Como resultado, o dólar teve forte queda ontem e voltou a fechar no menor valor em pouco mais de um ano. O dólar comercial encerrou a R$ 4,807. É a menor cotação desde 6 de junho do ano passado, quando tinha fechado a R$ 4,79. E acumula baixa de 5,24% apenas neste mês e de 8,96% em 2023. A Bolsa de valores superou os 119 mil pontos e atingiu o maior nível desde outubro do ano passado. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 119.069 pontos, com alta de 1,99%.
A melhora da perspectiva para a nota da dívida pública brasileira deve-se à harmonia entre os Poderes, comemorou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) têm papel importante na decisão da S&P, mas o Banco Central (BC) precisa “se somar ao esforço” e começar a reduzir os juros.
O ministro lembrou que o comunicado da S&P citou as discussões do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária como um dos motivos que levaram a agência a confirmar a possibilidade de melhorar a nota do Brasil nos próximos dois anos. “Tem muito trabalho pela frente. É só um começo, mas, se mantivermos os ritmos de trabalho das Casas [do Congresso] e do Judiciário, vamos alcançar nossos objetivos. O Brasil tem de voltar a crescer”, declarou.
Juros do BC
Para Haddad, a atuação do BC agora é importante, com a redução dos juros. “Eu falava de harmonização. Está faltando o Banco Central se somar a esse esforço, mas quero crer que estejamos prestes a ver isso acontecer. Quando estivermos todos alinhados, vamos prosperar”, declarou. Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir a Taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano, no maior nível desde janeiro de 2017.
Por meio da assessoria de imprensa, o Banco Central informou que não comentará a decisão da S&P nem as declarações do ministro Fernando Haddad.
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