Nada de mudança no comando da Petrobras. Pelo menos por enquanto. Após reunião na noite de desta segunda-feira (11/3) com o presidente Lula (PT), o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, afirmou que continuará no cargo.
A reunião, que contou com os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Fazenda, Fernando Haddad, entre outros nomes do governo e da Petrobras, durou mais de três horas, discutindo a decisão da estatal de não distribuir dividendos extraordinários aos acionistas, que foi duramente criticada.
Apenas na sexta-feira, a petroleira perdeu mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado.
Prates não quis comentar. “Quanto mais eu falo, mais inventam moda. Então agora quem fala é o Silveira”, disse. Ele defende a proposta de distribuir aos acionistas 50% dos dividendos extraordinários. Já Silveira quer reter todo esse dinheiro, R$ 43,9 bilhões, em um fundo de reserva.
Maioria
Como o governo tem maioria no Conselho de Administração, Lula teria arbitrado e decidido que a empresa não pagaria dividendo extra. Silveira tem apoio de Rui Costa, da Casa Civil, sob o argumento de que esses recursos preservam o fluxo de caixa da Petrobras, sem abrir mão do compromisso de pagar dividendos no futuro.
Sem a distribuição, o governo deixa de embolsar até R$ 12 bilhões. A medida, no entanto, não altera a atual previsão de arrecadação da Fa-zenda com dividendos de estatais em 2024. Mas seria uma “surpresa posi-tiva” para ajudar na meta de déficit zero.
Após a reunião, Silveira afirmou que os investidores “sabem que o governo é o controlador” da Petrobras e admitiu que rever a decisão sobre os dividendos “é sempre uma possibilidade”.
“A questão da distribuição é dinâmica. (O dinheiro) foi para a conta de contingência. O governo do presidente Lula tem trabalhado com muito cuidado no respeito à governança da Petrobras. Todos os investidores sabem que governo é o controlador, tem maioria do conselho”, afirmou ao lado de Haddad. Para o ministro da Fazenda, a polêmica é “desnecessária”, reforçando que a decisão pode ser revista.
Ações
Horas antes, ao criticar distribuição de dividendos, Lula afetou as ações da Petrobras, que passaram a cair. “Se for atender apenas à choradeira do mercado, não faz nada. O mercado é um dinossauro voraz, quer tudo para ele e nada para o povo”, afirmou em entrevista ao SBT.
“O que não é correto é a Petrobras, que tinha que distribuir R$ 45 bilhões de dividendos, querer distribuir R$ 80 bilhões. E R$ 40 bilhões a mais que poderiam ter sido colocados para investimento, fazer mais pesquisa, mais navio, mais sonda”, disse.
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