Mais de 50 mil pessoas, entre ativistas de ONGS, políticos, jornalistas e advogados podem ter sido alvo de espionagem por governos de 45 países graças ao software Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO, segundo denúncia da Anistia Internacional, publicada pelo jornal inglês The Guardian. O software é tecnicamente legal, porém abertamente polêmico. O malware infecta o celular das vítimas, retira todo o seu conteúdo — trocas de mensagens, emails, dados de buscas na web e o que mais for — e depois se instala como um espião, monitorando onde o aparelho está a cada momento.
A companhia alega que só licencia o programa para a investigação de crimes e terrorismo, mas um consórcio de imprensa liderado pelo jornal inglês confirmou que aparelhos cujos números constam da lista e não pertencem a pessoas com antecedentes criminais foram infectados. O México, onde o uso indevido do Pegasus já havia sido denunciado, lidera com 15 mil números, seguido por Marrocos e Emirados Árabes Unidos, com dez mil cada. Também está na lista a Hungria de Viktor Orbán, líder que faz parte do movimento da direita autoritária que ameaça democracias pelo mundo.
Aliás…
O governo brasileiro abriu uma licitação este ano para licenciar o Pegasus. Segundo fontes do Palácio do Planalto, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) estaria agindo nos bastidores para que a compra ficasse a cargo do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, provocando reações no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e na Abin.