A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados convocou o ministro Paulo Guedes (Economia) para explicar a manutenção de uma empresa offshore no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Os deputados suspeitam de conflito de interesses, uma vez que a política de desvalorização do real elevou o patrimônio da empresa de Guedes. Por ser uma convocação, o ministro é obrigado a comparecer.
Já a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado apenas convidou Guedes e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que também tem offshores. Os senadores pretendem indagar sobre a atuação de Guedes para tirar do projeto de reforma do Imposto de Renda a taxação de ganhos no exterior, o que o beneficiaria diretamente.O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) que investigue Guedes e Campos por conflito de interesses.
O fato de os dois terem empresas em paraísos fiscais – nos dois casos declaradas à Receita Federal – foi revelado nos Pandora Papers, o maior levantamento já feito sobre bens de autoridades e empresários de todo o mundo, incluindo Brasil, nesse tipo de refúgio financeiro. Mas, Paulo Guedes não vai sair do governo. Como o presidente Jair Bolsonaro disse, antes da divulgação do caso da offshore, “se for para trocar tem que ser por alguém com uma política diferente da dele”. Como Bolsonaro não tem essa opção à mão, Guedes fica onde está.