Os governadores Ronaldo Caiado (UB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) embarcam neste sábado (16/3) para viagem de uma semana à Israel. Embora a viagem tem forte conotação política, num momento de tensão entre o governo israelense e o presidente Lula (PT), ambos governadores buscam repassar uma agenda mais oficial e diplomática para a “missão”.
Entretanto, antes mesmo de embarcarem, a viagem já causou polêmica. Inicialmente o governo de Israel afirmou que o convite partiu de uma organização não-governamental.
“Os governadores não foram convidados pelo Estado de Israel, mas sim por organizações da sociedade civil, uma vez que esta delegação não é uma iniciativa governamental”, informou a embaixada de Israel no Brasil.
Contudo, nesta quarta-feira (13/3) o Palácio das Esmeraldas apresentou carta endereçada ao governador Caiado, enviada pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em que o governo de Israel reforça o convite e ainda propõe agendas oficiais no país.
“É com grande honra e satisfação que o Governo de Israel convida V. Exa. para importante visita em Israel, na próxima semana. Durante a sua estadia, teremos o prazer de convidá-lo a reunir-se com o Primeiro Ministro”, diz o documento. Está prevista também reunião com o presidente de Israel, Isaac Herzog.
Programação
Segundo o governo de Goiás, a programação oficial inclui reuniões de negócios visando estreitar os laços comerciais com o Estado. Haverá visitas a empresas inovadoras, especialmente na área de tecnologia, segurança pública e recursos hídricos.
A agenda da viagem, segundo a CNN, incluiria também visita ao local onde o Hamas cometeu ataques durante um festival de música eletrônica, em 7 de outubro. Além de conversa com sobreviventes da ação terrorista. Os governadores também devem ser levados ao Museu do Holocausto.
Fator político
A viagem dos governadores Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas, ambos cotados para a eleição presidencial de 2026 pela direita brasileira, acontece num momento de forte tensão na relação entre os governos de Israel e do Brasil. O governo israelense já declarou o presidente Lula (PT) como persona non grata no país. O petista acusou Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza.
Nos bastidores, comenta-se que o convite inicialmente seria para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas ele está impedido de deixar o Brasil por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Integrantes do governo Lula avaliaram que a viagem dos governadores seria mais uma tentativa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de desviar o foco do aumento das críticas pela ofensiva na Faixa de Gaza. Onde já morreram mais de 30 mil pessoas.
Isto num momento em que o presidente americano Joe Biden elevou as cobranças contra as operações militares do governo de Israel.
O governador Tarcísio de Freitas disse para a CNN que a viagem será ‘sem ideologia e sem política’. “Não tem nada a ver. Acho que primeiro, a gente não vai lá para fazer política. A gente tem uma excelente relação, estamos aceitando um convite e pronto. Sem ideologia e sem política”, afirmou.
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