Um dia depois da Operação Terra Fraca, deflagrada na terça-feira (15/6) pela Polícia Civil de Goiás e que teve como principal alvo o ex-governador José Eliton, atual presidente estadual do PSDB, os tucanos partiram para o contra-ataque. E tiveram um grande motivo: em quase 900 páginas do inquérito policial, o nome de José Eliton não aparece uma vez sequer. Ou seja: a operação não explica o motivo para ter apreendido ontem os seus celulares e computador. E, claro, com isso jogar o nome do ex-governador em toda a mídia do Estado como principal investigado pela operação.
José Eliton, em entrevista hoje para a Sagres, disse estar “perplexo” com a operação da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), criada pelo governo de Ronaldo Caiado em 2019. A investigação apura possíveis irregularidades na pavimentação asfáltica na GO-230, entre os anos de 2013 e 2018.
“O que eu fiz? Não há nada no inquérito. É algo surreal”, disse o tucano. O nome do ex-governador aparece apenas na medida cautelar da Deccor apresentada ao juiz Alessandro Pereira Pacheco, 2ª Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e de Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores, quando o delegado pede autorização para busca e apreensão. Mas, até nisto os tucanos apontaram uma falha: o pedido para a apreensão foi baseado em fatos acontecidos na Operação Decantação 2, de 2019, em que José Eliton não é alvo de investigação.
“Eu tive a oportunidade de avaliar o inquérito policial como um todo e por isso estou absolutamente indignado e perplexo com essa operação. São mais de 800 páginas e não há uma referência a minha pessoa, direta ou indiretamente, em todo o processamento do inquérito policial. É algo que eu jamais observei na fase pré-processual de um procedimento de natureza investigativa (…). O que me deixa extremamente indignado é essa forma de buscar atingir pessoas. Ao meu ver isso é algo que viola direitos individuais e fundamentais”, afirmou José Eliton.
“Na cautelar a única referência que foi feita é aquela chamada Operação Decantação 2, com distorção de fatos e omissão de informações a autoridade judiciária. Naquele caso sequer fui ouvido como investigado, fui ouvido como declarante. Apresentei todas as informações às autoridades policiais naquele momento. Todos os objetos apreendidos naquele momento foram apreendidos com o laudo da Polícia Federal informando que não encontrou qualquer tipo de irregularidade. E tudo isso foi omitido agora na cautelar. Isso causa muita estranheza. Mas estou muito seguro e tranquilo em relação a isso. Vou lutar pelos meus direitos sempre”, concluiu.
O ex-governador declarou que uma operação conduzida dessa forma, naturalmente, causa um impacto político, tanto para ele, quanto para o partido. “mesmo porque a população nem sempre tem acesso ao processo”. José Eliton reafirmou que há estranheza na operação e espera que não haja nenhuma motivação política. “Eu não tenho elementos que possam fundamentar isso. É claro que as coincidências ressaem aos olhos. Assumo a presidência do PSDB e esse inquérito que vem tramitando sem qualquer referência a minha pessoa, de repente, tem uma cautelar com esse fato”, frisou.
A Deccor ainda não se pronunciou sobre as críticas do ex-governador tucano.