O projeto de substituir toda a frota de ônibus coletivos da Metrobus que opera no Eixo Anhanguera, a maior linha do transporte coletivo da capital, começa virar polêmica. A licitação do governo do Estado está marcada para o próximo dia 14 e o contrato prevê gasto total de R$ 1,4 bilhão. Uma quantia que chamou a atenção do Ministério Público de Goiás, que já recomendou que o processo de licitação seja suspenso.
A promotora Leila Maria de Oliveira recomenda, com razão, que a licitação seja melhor analisada, principalmente pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), sobre a sua viabilidade econômica e, especialmente, o custo-benefício para os contribuintes goianos. Ela defende avaliar principalmente a vantagem para a estatal goiana de locar os veículos e instalar estrutura transitória alugada ao invés de adquirir a própria frota.
Novamente, faz sentido o questionamento do MP-GO. Como já informado pelo ENTRELINHAS GOIÁS (leia aqui), o custo médio de um ônibus elétrico da chinesa Build Your Dreams (BYD), com quem o governo de Goiás teve contato e conheceu os veículos, é de R$ 3,5 milhões. Este é o valor médio pago por prefeituras no Brasil que começaram a implantar os elétricos em suas linhas de ônibus.
Custo para comprar
Como a frota da Metrobus é de 114 ônibus biarticulados, o valor para substitui-los é de aproximadamente R$ 400 milhões. Portanto, menos de um terço do custo total do contrato de locação. Claro, neste montante é preciso considerar ainda custos com manutenção e eventual substituição de veículo danificado, além de toda a estrutura para recarga e treinamento de pessoal. Mas, ainda assim, parece ser mais barato.
O ônibus elétrico é um articulado de 22 metros de comprimento com capacidade para transportar 170 passageiros, sendo 59 sentados. É silencioso, possuem assentos confortáveis, ar condicionado e carregadores do tipo USB para os passageiros. A autonomia é de 250 quilômetros, com tempo médio de 3 horas para uma recarga completa.
O projeto do governo de Ronaldo Caiado (UB) de modernizar o Eixo Anhanguera faz lembrar a ideia dos governos de Marconi Perillo (PSDB) de implantar o VLT na linha de ônibus da capital operada pela estatal Metrobus. Aliás, chegou a licitar o empreendimento em 2013, tendo a famosa Odebrecht como vencedora. Logo depois explodiu a Operação Lava Jato, a construtora caiu em desgraça e o projeto do VLT não deu em nada.
Muitos urbanistas e arquitetos defendem que o mais viável para o Eixo Anhanguera seria o Estado e a Prefeitura investirem em ampla modernização da linha, que tem 14 quilômetros de extensão, e não apenas substituir os ônibus. Com intervenções (elevados e trincheiras) para que os veículos não precisem parar em dezenas de semáforos, além de plataformas de embarques modernas, confortáveis e seguras. Além de um paisagismo que represente Goiânia como a capital verde do País.