O ex-presidente Lula (PT) deu o tom hoje (7/6) do que devem ser os principais motes da sua campanha, no evento que lançou a sua nova pré-candidatura à presidência da República. Além de enfatizar o legado de seus dois governos (entre 2003 e 2010), especialmente o crescimento da economia e os programas sociais, o petista destacou muito a defesa pela democracia. Está claro, portanto, que seu principal alvo é o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula culpou o governo Bolsonaro pelo aumento da pobreza no Brasil e o criticou pela atuação diante da pandemia da Covid-19, em que mais de 630 mil pessoas morreram no Brasil. “Nem todo governante é capaz de sentir a dor alheia. Ele pode até se dizer cristão, mas não tem amor ao próximo”, disse.
O petista enfatizou muito que Bolsonaro seria responsável por estimular o preconceito, a descriminação e a intolerância no País. O ex-presidente se posicionou contrário às privatizações de estatais brasileiras, classificou a política econômica do atual governo como “irresponsável e criminosa” e apontou a volta da fome ao País.
Lula sabe que tem à seu favor dados econômicos. Em 2002, o Brasil ocupava a 13ª posição no ranking global de economias medido pelo PIB em dólar, segundo dados do Banco Mundial e FMI. Chegou a ser o 6º em 2011. Em 2015, a ONU considerou o Bolsa Família (principal programa social do petista) como modelo bem-sucedido, que tirou mais de 5 milhões de brasileiros da pobreza. Isto fez surgir uma nova classe média no Brasil.
Lula disse que a atual gestão destruiu “tudo o que fizemos e o povo brasileiro conquistou” em seus governos.
Corrupção é tema ignorado
Entretanto, o ex-presidente não fez nenhuma menção sobre uma questão importante para a campanha de Bolsonaro: a corrupção. Os governos do PT foram palco de vários escândalos, especialmente os denunciados pela Operação Lava Jato. Os petistas tentam criar alguma vacina, afirmando que foram “vítimas” de uma orquestração comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro (UB), ex-ministro de Bolsonaro. Mas este tema será o grande calo na campanha de Lula.
O ex-presidente também aproveitou o evento deste sábado para mandar mensagem moderada, como fez também na campanha de vinte anos atrás. Não poupou elogios ao seu futuro vice de chapa, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), que participou por videoconferência por estar com Covi-19.
“É um momento muito especial na minha vida. É especial juntar tantas forças políticas progressivas em torno da campanha, de interesses políticos para resolver os dramas que estamos vivendo”, disse.
Dois fatos chamaram a atenção: o petista leu discurso e não falou de improviso, numa clara demonstração da atuação do novo marqueteiro da sua pré-campanha, para seguir à risca a estratégia definida (saiba mais aqui). Além disso, na principal imagem jogada no enorme telão atrás do palanque, as cores da bandeira brasileira se misturaram ao vermelho petista. É sabido que o verde-amarelo são as cores mais usadas por Bolsonaro e apoiadores desde a sua campanha de 2018.